A economia brasileira continua em estado de perigosa anemia. Os dados sobre o desemprego, divulgados nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é apenas mais um dos indicadores de que o primeiro trimestre foi de estagnação. E não há sinais de melhora neste início de de segundo trimestre.
Resumo da situação: desemprego elevado, alta capacidade ociosa na indústria, comércio frio, baixo investimento, índices de consumidores em queda, empresários sem ânimo.
A pesquisa Focus, do Banco Central, realizada semanalmente junto a cerca de 100 instituições financeiras e consultorias, é um bom termômetro: ela já registra 9 semanas consecutivas de revisão para baixo do crescimento do PIB esperado para este ano. Agora, em apenas 1,7%.
Uma reação da atividade econômica está na dependência de ações combinadas no campo político e econômico. E nesse aspecto, a agenda se arrasta. O atraso na tramitação da reforma da Previdência gera incertezas quanto ao tempo em que ela será votada e o real impacto do que finalmente vier a ser aprovado.
Enquanto não se aprovam as mudanças na Previdência para estancar (não eliminar) um déficit que mantém a expansão da dívida pública na direção do insustentável, outros passos da agenda econômica ficam travados. É o caso, por exemplo, das mudanças que estão sendo pensadas na área tributária.
O que poderia ser feito no curto prazo para injetar um pouco de energia no sistema econômico? Talvez uma corajosa redução da taxa de juros do Banco Central.
Mas talvez o Banco Central não esteja disposto a assumir riscos.
Sendo a mais atenta e aparelhada instituição de análise da economia, o Banco Central sabe, como tantos outros que avaliam o cenário, que se a reforma da Previdência desandar, o que vem por aí é pressão sobre o dólar e pressão inflacionária.
Nesse ambiente, alguém pode sonhar com redução significativa do desemprego?
Por João Borges