Após ataques aéreos à refinaria de Abqaiq, na Arábia Saudita, os preços internacionais do petróleo dispararam. Na Argentina, o governo anunciou que manterá os preços da gasolina congelados até o dia 12 de novembro, conforme havia sido anunciado em meados de agosto, entre outras medidas para amenizar os impactos da inflação e levar alívio a trabalhadores argentinos.
Preocupado com a inflação, que deve chegar este mês a 6% e este ano a 55%, o governo argentino decidiu manter o congelamento do preço da gasolina que havia sido determinado por meio de um decreto.
Segundo as empresas distribuidoras de combustíveis, o valor de venda já está defasado em 38%, uma vez que deveria ser vendido por US$ 1,2/litro e está sendo distribuído por US$ 0,8/litro.
Ontem (16), o ministro dos Transportes, Guillermo Dietrich, disse que “o que aconteceu é muito perturbador, uma vez que o petróleo bruto aumentou quase dez dólares. Isso define o custo do preço das empresas. Concordamos em ver qual é a evolução e, a partir daí, analisar se devemos tomar alguma decisão. Até agora, entendendo que as medidas que tomamos não são o que queremos, mas são consequências dos desequilíbrios econômicos que se seguiram às Paso”.
O ministro se referiu às eleições primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias (Paso), realizadas em 11 de agosto, quando o candidato de oposição Alberto Fernández recebeu 47% dos votos, contra 32% de Macri. Após o resultado das primárias, o presidente anunciou diversas medidas para tentar conter a inflação e aliviar o bolso dos argentinos.
Ontem, uma resolução publicada no Diário Oficial especificava que o barril de petróleo será mantido em US$ 59, em vez dos US$ 70 cotado internacionalmente. Estima-se que o país gastará cerca de US$ 1,5 bilhão com a medida. No entanto, para que as distribuidoras sejam favorecidas, a resolução impôs uma condição: as companhias de petróleo e as províncias não podem ter ações judiciais contra o governo.
De acordo com a imprensa argentina, as províncias de Río Negro e Neuquén e a empresa de petróleo Vista já entraram com processos e anunciaram que manterão suas reivindicações.
Outros países
No Uruguai, preço do barril subiu quase 20% e terminou o dia valendo US$ 69, um aumento em relação ao dia anterior de 14,59%. A Ancap, empresa estatal do ramo, garante o fornecimento pelo menos até dezembro, com valores inferiores.
A presidente da Ancap, Marta Jara, afirmou que, neste momento, é mais uma questão de percepção do risco de escassez do que de escassez real. “Estamos enfrentando uma situação geopolítica complicada e é difícil prever como isso pode evoluir. Mas os preços têm sido muito resistentes à escalada de tensões, o que indica que não deve haver problema estrutural de escassez ”, disse.
No Chile, o ministro da Fazenda afirmou que a disparada do petróleo é “um balde de água fria para a economia mundial” e que pode ter sérias repercussões no país. O Chile importa mais de 90% do petróleo que consome.
O governo do Peru acredita que não haverá, no país, um impacto abrupto. Isto porque existe o Fundo de Estabilização de Preços Derivados do Petróleo (FEPC), criado em 2004 para impedir que a volatilidade dos preços internacionais do petróleo seja transferida para os consumidores. Caso o preço internacional do petróleo aumente acima da faixa de preços, o Estado assume os custos.
Na Colômbia, se os preços do petróleo se mantém altos, o país poderia ter mais ingressos em 2020, por conta de royalties e da renda gerada pela Ecopetrol, maior petrolífera do país. Isso porque, com a queda da oferta mundial, as exportações colombianas se beneficiariam.
Por Marieta Cazarré – Repórter da Agência Brasil
Edição: Narjara Carvalho Tags: PETRÓLEOARÁBIA SAUDITABARRIL DE PETRÓLEOMERCADO INTERNACIONAL