Inclusão no mercado de trabalho é tema prioritário para população negra no Brasil

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O governador Geraldo Alckmin durante a entrega das obras de ampliação e modernização do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) da Estação Brás do Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Data: 13/01/2015. Local: São Paulo/SP. Foto: Edson Lopes Jr/A2AD

A inclusão no mercado de trabalho é o assunto mais urgente a ser discutido para 48% dos negros e pardos brasileiros. A conclusão é de um estudo inédito sobre a percepção da população negra no país.

“A preocupação sobre inclusão no mercado de trabalho é maior entre homens negros do que entre as mulheres negras. Já a percepção sobre a falta de discussão sobre o problema é uma preocupação geral entre ambos os gêneros”, explica a coordenadora de conteúdo do Google Partner Plex, Joice Prestes, que apresentou o estudo.

O estudo “Consciência entre urgências: pautas e potências da população negra no Brasil” foi encomendado pelo Google e realizado por uma parceria entre o Datafolha e Mindset-WGSN. A pesquisa foi divulgada na manhã desta segunda-feira (18), em São Paulo.

A pesquisa ouviu 1.225 homens e mulheres de mais de 16 anos e de todas as classes sociais nas capitais de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, durante o mês de outubro.

Falta de Representação

O racismo institucional e estrutural é o segundo tema mais urgente de acordo com 44% dos entrevistados. “Sete em cada dez negros não se sentem representados pelo governo brasileiro”, exemplifica Joice sobre as percepções dos entrevistados quando o assunto era o racismo. “68% também disseram não se sentir representados pela publicidade em geral.”

Jovens mais conscientes

O estudo concluiu que quanto menor a escolaridade e quanto mais jovens e pobres os negros brasileiros, maior a urgência de se debater os temas genocídio e feminismo negro.

“O ativismo, a internet e essas duas coisas juntas fizeram com que essa atual geração seja mais engajada”, justifica Prestes.

Debater a importância do feminismo negro (27%) e os casos de genocídio contra a população negra (23%) foram a terceira e a quarta maiores urgências, respectivamente, para os entrevistados.

“Um em cada dois entrevistados se autodeclararam ativistas do movimento negro”, conta Prestes. Por outro lado, a coordenadora explica que quanto maior a escolaridade, menor a urgência para o debate sobre feminismo negro.

Dados

Uma pesquisa do Instituto Ethos divulgada em setembro mostrou que nas 500 empresas de maior faturamento do Brasil, os negros representam cerca de 58% dos aprendizes e dos trainees, mas estão presentes em somente 6,3% nos cargos de gerência. No quadro executivo, a proporção é ainda menor, apenas 4,7% são negros.

No dia 13 de novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, pela primeira vez, a população que se declara de cor preta ou parda passou a representar mais da metade dos estudantes de ensino superior da rede pública, 50,3%.