Agora que o questionário foi revisto e ampliado – o Itaú Cultural sugeriu a inclusão de questões para entender a relação dos leitores com a literatura -, vai ser tudo muito rápido. No início de dezembro, a etapa de campo (cada entrevista pode durar até 45 minutos) deve estar concluída. Depois começa a tabulação (automatizada). O mais complicado, analisar e cruzar as respostas e preparar os relatórios, vem a seguir. Mas Zoara Failla, coordenadora da pesquisa, é otimista – se não exatamente com o resultado, pelo menos quanto ao prazo. Em março, tudo estará pronto para ser divulgado.
Esta é a 5.ª edição da Retratos da Leitura, que começou a acompanhar o comportamento do leitor brasileiro em 2001 e teve outras edições em 2007, 2011 e 2015 – que, divulgada em 2016, mostrou, entre muitas outras coisas, que 44% da população não lê, 50% nunca comprou um livro e que o índice de leitura é de 4,96 livros por ano (2,43, se considerarmos os lidos até o fim)
Ao longo dos anos, a pesquisa vem indicando ligeira melhora, mas ainda é muito pouco – e Zoara não acredita que o resultado será mais animador. “Sempre esperamos que melhore, claro, mas, se olharmos para outras avaliações, como para a qualidade da nossa educação, vemos que isso também não está melhorando. Se não melhora a educação, dificilmente vai melhorar a qualidade da leitura.”
Outra novidade é a ampliação da amostra – de cerca de 3 mil pessoas para 5 mil. Isso vai, de acordo com Zoara, possibilitar pela primeira vez que os dados sejam isolados por capital.
O interesse do Itaú Cultural na pesquisa, explica Eduardo Saron, diretor da instituição, vem da necessidade cada vez maior de se ter dados sobre os hábitos culturais. “Não é possível formular políticas públicas ou fazer ações estratégicas quando temos pouco ou nenhum dado”, comentou.
A parceria com o Instituto Pró-Livro, entidade mantida pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Câmara Brasileira do Livro e Associação Brasileira de Editores e Produtores de Conteúdo e Tecnologia Educacional, prevê, ainda, a realização de recortes da pesquisa Retratos da Leitura em festivais literários Os dois primeiros, cujos resultados serão divulgados hoje (veja alguns destaques ao lado), foram feitos da Bienal do Livro e na Flup, a Festa Literária das Periferias, ambas no Rio. No ano que vem, os pesquisadores desembarcam na Fliaraxá, Cooperifa, Bienal de São Paulo e Flip.
Para Saron, as pesquisas – a Retratos e essas individuais – se associam. A primeira apresenta uma visão geral do perfil leitor do brasileiro (a Bíblia, em 2015, era o livro mais lido). A outra investiga os hábitos daqueles que já são leitores de literatura e frequentam os eventos literários. “Os resultados vão ajudar a nortear nossas ações e oferecer elementos para que produtores de festivais possam ter cada vez mais impacto nas sociedades.”
Quem frequenta eventos literários
A Retratos da Leitura ganhou um importante desdobramento este ano com os levantamentos na Bienal do Rio e na Festa Literária das Periferias. Entre os dados apresentados estão a informação de que a maioria é formada por mulheres e por jovens de 18 a 24 anos. J. K. Rowling foi a autora mais citada na Bienal como autora do último livro lido ou em leitura. Na Flup, foi Djamila Ribeiro. 6,6 é a média de livros lidos nos últimos três meses pelo público da Bienal, 7,9 pelo da Flup e 2,5 pelo brasileiro em geral.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.