Alta externa ampara correção do Ibovespa após perdas, mas vírus fica no radar

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Após o tombo da véspera, o Ibovespa tenta recuperar parte da perda de quase 4 mil pontos da segunda-feira, quando fechou em baixa de 3,29%, aos 114.481,84 pontos. Essa expectativa, conforme entrevistados, está amparada no sinal positivo da maioria das bolsas europeias e dos índices futuros de Nova York. A possível influência não tira, entretanto, a preocupação em relação à propagação do coronavírus, iniciado na China, para várias partes do mundo, segundo os analistas ouvidos pelo Broadcast. Eles também, dizem, não elimina as dúvidas a respeito dos efeitos sobre as perspectivas para o crescimento da economia mundial.

Como o governo chinês vem agindo rapidamente, tomando providências para conter o surto, o investidor fica um pouco mais tranquilo, mas atento ao tema. “O investidor segue em alerta. Mas pelo menos o início do pregão pode ser de correção, depois de ter caído muito ontem”, diz um operador.

A despeito de não ter ocorrido melhoras em relação ao noticiário envolvendo o vírus de ontem para hoje, pelo contrário, os casos de infectados e mortos vem aumentando, o mercado entendeu que a queda de ontem foi excessiva, avaliam em, nota Regis Chinchila e Sandra Peres, da Terra Investimentos.

“O real impacto dessa epidemia na economia global ainda é bastante incerto. Por isso, os investidores tentam buscar oportunidades mesmo diante do risco maior, já que o cenário interno vem demonstrando certa melhora”, citam os analistas da Terra.

Diante das incertezas a respeito da disseminação do vírus e dos seus impactos, o diretor do ASA Bank, Carlos Kawall, também considera natural um ajuste nos ativos. Da mesma forma que vê o movimento da véspera normal diante do quadro de incerteza, ele também avalia como “natural” alguma correção nesta terça-feira. “Essa oscilação é característico de episódios como esses”, afirma.

Após iniciar o pregão na faixa dos 115 mil pontos, o principal índice à vista da B3 superou pouco antes do término deste texto os 116 mil pontos, marca que fora registrada no último dia 17 (116.709,91 pontos). Apesar de o coronavírus ainda requerer cautela, a avaliação é de que as quedas nas bolsas pode ter sido exagerada, abrindo espaço para correção nesta terça-feira.

No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou na manhã desta terça que há um caso suspeito de ter contraído coronavírus em Minas Gerais, de um paciente que esteve em Wuhan, na China. A recomendação é evitar viagens para o país.

A despeito dos temores de desaquecimento da economia do planeta por causa do espalhamento do coronavírus, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que dá pra dizer que na desaceleração global, já se viu o pior. Campos Neto afirmou, em evento em São Paulo, que o movimento de rebalanceamento da economia chinesa é “superrelevante”.

Faltando uma semana para o Comitê de Política Monetária (Copom), para o qual a maioria acredita em corte de 0,25 ponto porcentual na Selic, para 4,25% ao ano, o presidente do BC reafirmou que o choque dos preços das carnes foi antecipado, mas acredita que irá se dissipar rapidamente. Conforme ele, é importante mencionar que “vemos política monetária com engajamento lógico ”

As principais taxas de juros no mercado futuro, contudo, seguiram perto da estabilidade após as palavras do presidente do BC

Além de acompanhar a reação das ações de empresas ligadas a matérias-primas e de exportadoras, para saber se de fato passarão por uma recuperação, a atenção ainda deve recair sobre o setor de carnes na B3. Ontem, a JBS e o WH Group assinaram um memorando de entendimentos para fornecimento e distribuição de proteína bovina, de aves e suína in natura no mercado chinês. As duas empresas oferecerão um portfólio de produtos das marcas Friboi e Seara, e o acordo pode movimentar até R$ 3 bilhões em negócios por ano.

Às 10h54, o Ibovespa subia 1,46%, aos 116.149,23 pontos.

Fonte: Estadão