O Ibovespa encontra espaço nesta quinta-feira, 23, para devolver parte da alta da véspera, quando subiu 1,17%, aos 118 391,36 pontos, na reta final do pregão, na contramão do comportamento em Nova York. De novo, hoje a indicação é que o principal índice da B3 destoe um pouco das bolsas externas, onde a maioria da queda é inferior a 0,50%. Investidores seguem acompanhando os desdobramentos do coronavírus, que começou na região central da China.
O país asiático decidiu isolar mais duas cidades para tentar conter o avanço do vírus. A medida será tomada em Huanggang e Ezhou, um dia depois do isolamento de Wuhan, que concentrou a maior parte dos 571 casos registrados no país. Já Cingapura identificou o primeiro caso de coronavírus no país.
Internamente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA – 15) também é outra fonte de observação, após desacelerar a 0,71% em janeiro, ante 1,05% em dezembro. O resultado ficou em linha com a mediana das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,70%. O piso das expectativas era de 0,55% e o teto, de 0,76%. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula 4,34% de alta, superior à de 3,91% do apurado em 2019.
Apesar da desaceleração, o resultado reforça, conforme Renato Chain, estrategista da Arazul, avalia que o crescimento econômico não evoluiu como o esperado. “E isso vem segurando a inflação, e a curva de juros”, diz. Neste sentido, acredita que há espaço para queda do Ibovespa, que “esticou muito”.
Em nota, o Banco Safra cita que as medidas de núcleos aceleraram em janeiro, mas ainda assim, permaneceram denotando um comportamento estruturalmente benigno da inflação, com sua média em 3,26% no acumulado em doze meses até janeiro.
A queda no Ibovespa é quase generalizada entre as 73 ações da carteira, com alta de apenas 11 papéis, com destaque para Braskem PNA (3,74%). O índice, por sua vez, cedia 0,93%, aos 117 293,26 pontos.
Os temores em relação ao espalhamento do coronavírus continuam no radar dos investidores, especialmente porque amanhã começa um feriado de uma semana na China, que manterá os mercados financeiros locais fechados no período e tradicionalmente milhões de pessoas viajam.
O mercado teme efeitos do vírus sobre as economias, e está no aguardo de uma posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre declarar ou não emergência de saúde pública em decorrência do surto.
O vírus, que teve início na cidade de Wuhan, na região central da China, já infectou mais de 570 pessoas e causou ao menos 17 mortes. Casos da doença também já foram registrados em pelo menos outros cinco países, inclusive nos EUA e há um caso suspeito no Brasil, que está sendo investigado em Minas Gerais.
Fonte: Estadão