Operadores e profissionais das mesas de câmbio voltaram a falar hoje que, pelos fundamentos macroeconômicos do Brasil, não há motivos para a moeda americana estar perto dos R$ 4,20. Para os traders, o nível mais condizente seria o dólar na casa dos R$ 4,05/4,10.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a expectativa por Davos é ver o que Paulo Guedes vai falar da agenda de reformas e da questão política. O ministro, diz ela, precisa passar ao investidor estrangeiro alguma confiança no avanço da agenda para tentar trazer de volta o capital externo, em um momento que o diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo já está muito estreito.
A economista observa que um dos fatores que pressionaram o dólar é justamente a saída de investidores estrangeiros do Brasil. Somente na B3, o saldo de janeiro está negativo em R$ 6,579 bilhões até o último dia 16.
Operadores ressaltaram que também ecoaram no mercado de câmbio hoje declarações de Guedes durante o final de semana. O ministro repetiu o que havia dito na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em outubro que, com juro baixo, o Brasil terá que conviver com um dólar mais alto. A afirmação ocorre justamente em um momento que o mercado discute se vai haver novo corte de juros na reunião de fevereiro do Banco Central, observa um gestor.
Caso não haja corte de juros em fevereiro, o movimento será positivo para o real, na avaliação dos estrategistas do grupo financeiro holandês ING. “Em grande parte, as saídas de capital foram resultado de mudanças radicais na economia local na medida em que se ajustam a taxas de juros locais baixas”, observa o economista-chefe para América Latina, Gustavo Rangel, em relatório. O ING vê o dólar em média em R$ 4,15 nos próximos 30 dias, R$ 4,10 nos próximos três meses e R$ 4,00 nos próximos seis meses. “O desempenho do real nas últimas semanas representa a maior frustração entre as moedas da América Latina”.