A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) inicia o ano de 2020 estimulando a conscientização da população quanto à necessidade de prevenção e combate à Hanseníase, por meio da campanha Janeiro Roxo, que tem como objetivo a promoção do diagnóstico precoce, o tratamento, a prevenção e a quebra de preconceitos.
Neste contexto, a SES-MT conclama a sociedade em geral para utilizar a cor roxa, internacionalmente adotada nas fachadas de prédios e repartições públicas e/ou de sedes com grande circulação de pessoas.
As Coordenadorias de Atenção às Doenças Crônicas (COAC) e de Promoção e Humanização da Saúde (COPHS) chamam a atenção para o lema da Campanha Nacional de 2020, adotado pela Sociedade Brasileira de Hansenologia: “Todos Contra a Hanseníase”.
Para o Janeiro Roxo, a SES alerta para a importância dos municípios intensificarem as ações e discussões acerca da hanseníase, em especial nos programas Saúde na Escola, Bolsa Família, Estadual Pró-Família e demais ações intersetoriais das Secretarias Municipais de Educação, Assistência Social e outras. A iniciativa tem foco na intra e intersetorialidade destas ações, ressaltando a importância do diagnóstico precoce de pessoas com hanseníase e a avaliação de seus contatos (familiares de convívio próximo e prolongado).
“A avaliação dos contatos das pessoas acometidas pela hanseníase durante, pelo menos, cinco anos após o diagnóstico é outra iniciativa de primordial importância”, ressalta Edriane Cristhina Catarin, servidora da Coordenadoria de Atenção às Doenças Crônicas da SES.
De acordo com os profissionais especializados, é prioritário o desenvolvimento de estratégias para a busca ativa dos contatos pelas equipes de atenção primária da Saúde em articulação com os demais setores do poder público. Também é fundamental a ampla divulgação de informações relacionadas à doença, visto que a hanseníase tem cura e o tratamento é feito no Sistema Único de Saúde (SUS).
Estatísticas
O Brasil ocupa a 2ª posição no ranking entre os países que registram casos novos, ficando atrás somente da Índia. O Estado de Mato Grosso detém as maiores taxas de detecção de hanseníase do país e, por esse motivo, é reconhecido como hiperendêmico.
Segundo os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no ano de 2016, foram registrados 2.658 casos novos em Mato Grosso, correspondendo a uma taxa de detecção de 80,4/100.000 habitantes.
No ano de 2017, foram registrados 3.477 casos novos, correspondendo a uma taxa de detecção de 105,2/100.000 habitantes. Em 2018, foram registrados 4.713 casos novos correspondendo a uma taxa de detecção de 134,1/100.000 habitantes. Destes, 199 casos novos ocorreram em menores de 15 anos.
Os dados disponíveis no SINAN para o Estado de Mato Grosso reforçam a presença de focos de infecção sem diagnóstico e de cadeias de transmissão recentes da doença.
Para enfrentar a hanseníase, a partir da consciência plena de Estado Hiperendêmico, a SES construiu o Plano Estadual Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase – PEHAN 2018-2020 –, enfatizando estratégias possíveis para a redução da carga da hanseníase no Estado, pautadas nos direitos humanos fundamentais de respeito à vida e à dignidade humana, na humanização das práticas e na promoção da saúde.
“Há uma escolha estratégica, por parte do Governo do Estado, pelo diagnóstico precoce da doença e pela execução do Plano Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase. Neste cenário, Mato Grosso faz um grande esforço junto à atenção primária, com um trabalho efetivo de qualificação das equipes de saúde. A busca por pacientes que possivelmente estão contaminados deve ser uma iniciativa de interesse nacional. Muitas pessoas podem, neste momento, transmitir a doença sem nem sequer saberem que estão contaminadas”, explica o secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo.
O Plano foi elaborado pela SES, conjuntamente ao Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems), e legitimado como um plano de Estado por meio do cumprimento de uma extensa agenda de capacitações voltadas ao diagnóstico e enfrentamento da doença em vários pontos estratégicos do Estado; a gestão estadual também conta com as parcerias do Instituto Lauro de Souza Lima e Alliance Against Leprosy Institute, que auxiliam no melhor alcance do conhecimento necessário e promovem a melhoria do desempenho clínico e multiprofissional.
A SES também realiza o serviço de orientação permanente aos profissionais de saúde por meio do Núcleo Telessaúde de Mato Grosso, direcionado aos servidores que atuam na atenção primária, com serviços de Teleconsultoria, Telediagnóstico e Tele Educação. Profissionais da atenção primária cadastrados na plataforma do Telessaúde podem solicitar teleconsultorias para auxílio na elucidação diagnóstica de casos clínicos ou outras informações pertinentes sobre a abordagem da doença: http://www.telessaude.mt.gov.br/.
No Telessaúde, também é possível acessar e reproduzir o Manual Informativo nº 1, que trata o tema hanseníase para os agentes comunitários de saúde: http://www.telessaude.mt.gov.br/Arquivo/Download/4201.
O que é hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo o território nacional. A doença acomete homens e mulheres de qualquer idade. Entretanto, para que ocorra a infecção, é necessário um longo período de exposição à bactéria denominada Mycobacterium leprae, por meio de contato próximo e prolongado com uma pessoa acometida pela hanseníase; apenas uma parcela da população infectada realmente adoece.
A doença pode ocasionar lesões neurais, conferindo-lhe um alto poder incapacitante. Esta é a característica principal relacionada ao estigma e discriminação às pessoas acometidas pela hanseníase.
Informações sobre a hanseníase
Para facilitar o acesso da população às informações o diagnóstico e tratamento da hanseníase, vários endereços eletrônicos disponibilizam farto material instrutivo e de alta qualidade e relevância. O site oficial do Ministério da Saúde mantém uma página atualizada sobre a hanseníase, contendo fluxos, protocolos clínicos, diretrizes terapêuticas, informações técnicas e publicações da área: http://saude.gov.br/saude-de-a-z/hanseniase.
A Organização Mundial da Saúde orienta sobre a Estratégia global para hanseníase 2016-2020: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/06/Estrategia-Global-paraHanseniase-OMS-2016-2020.pdf.
A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) disponibilizou o acesso às peças da campanha “Todos Contra a Hanseníase”: http://www.sbhansenologia.org.br/campanha/janeiro-roxo.
A SBH criou a página de Facebook da campanha “Todos Contra a Hanseníase”. Trata-se de página interativa contendo fotos e vídeos de casos clínicos e atividades desenvolvidas pela SBH com o lema da campanha: https://www.facebook.com/todoscontraahanseniase/. Além de também disponibilizar as ações desenvolvidas pela SBH no seguinte endereço eletrônico: https://www.facebook.com/SBHansenologia/.
O enfrentamento à hanseníase conta com o importante apoio da Associação Alemã de Assistência aos acometidos pela hanseníase e tuberculosos (DAHW – Deutsche Lepra – und Tuberkulosehilfe). No Brasil, a organização está presente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Maranhão. Contudo, desde o ano de 2016, a FUNDHANS assumiu a gestão dos projetos da DAHW no Brasil: https://www.dahw.org.br/.
O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) tem como missão “possibilitar que a hanseníase seja compreendida na sociedade como uma doença normal, como qualquer outra com tratamento e cura, eliminando assim o preconceito e estigma em torno da doença”. O site possibilita uma viagem na linha do tempo para conhecer a história de sofrimento e superação de Francisco Nunes, o Bacurau, ícone de resistência e luta pelos direitos das pessoas com hanseníase: http://www.morhan.org.br/. A ONG disponibiliza ainda o serviço de Telehansen, desenvolvido pela MORHAN, que é um canal voltado ao esclarecimento de dúvidas sobre a hanseníase, ligue 0800 026 2001.
Fonte Governo do Estado