O dólar recua ante o real e outras divisas emergentes, em meio a uma realização de ganhos recentes. Mas o ajuste de baixa é limitado por um pano de fundo de cautela com as consequências ainda incertezas do surto de coronavírus na economia da China e global. O movimento de venda vem após a moeda americana ter renovado seu pico histórico nominal ante o real, na segunda-feira, quando fechou em R$ 4,3220 no mercado à vista, enquanto nos Estados Unidos atingiu sua máxima desde 2 de outubro frente ao euro.
Às 9h35, o dólar à vista caía 0,49%, aos R$ 4,3009.
O dólar futuro para março recuava 0,57%, aos R$ 4,3045.
Os agentes financeiros estão avaliando ainda a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que cortou a Selic para 4,25% ao ano na semana passada. Operadores e economistas avaliam que a ata do Copom sinaliza mais uma pausa do que o fim dos cortes de juros.
Na ata, o Banco Central menciona pela primeira vez o coronavírus “O eventual prolongamento ou intensificação do surto implicaria uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros”, destaca o documento, afirmando que observará a magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros.
A ata reforça ainda que “considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”. E reiterou que “seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”.
O documento também altera a projeção para reajuste de administrados em 2020 de 3,9% para 3,7% no cenário híbrido, que utiliza câmbio constante e Selic do relatório Focus.
No exterior, no mesmo horário, o índice DXY, que mede o dólar ante outras moedas principais, recuava 0,02%, a 98,812 pontos. O dólar cedia também ante a maioria das divisas emergentes ligadas a commodities.
No radar está o depoimento no Congresso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, a partir das 12 horas.
Além disso, ainda falam nesta terça a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde (11 horas), e o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney (12h35), bem como vários outros dirigentes do Fed.
O BBH destaca em relatório nesta terça que a moeda americana tem mostrado ganhos de base disseminada, apoiado por fatores como o sentimento positivo sobre os mercados acionários americanos, a noção de que o impacto do coronavírus será maior nos EUA e o favoritismo do presidente Donald Trump na disputa eleitoral deste ano.
No horário acima, o dólar subia a 109,84 ienes, o euro recuava a US$ 1,0913 e a libra tinha ganho a US$ 1,2935, esta apoiada pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido, que ficou estável no quarto trimestre ante o período anterior, mas teve expansão de 1,1% entre outubro e dezembro, acima da projeção do mercado (+0,9%).
Fonte: Estadão