Nesta quarta-feira (05.02), é comemorado o Dia do Papiloscopista, em homenagem à carreira da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), fundamental para a garantia da cidadania e necessária em grande parte da vida da população.
A profissão possui diferentes áreas de atuação, distribuídas nas áreas civil, sendo responsável pela emissão dos documentos de identificação e organização das informações civis da população; criminal, que abrange a identificação de pessoas envolvidas em práticas criminosas, com o objetivo de se criar uma identidade criminal para diferenciá-la dos demais indivíduos no âmbito penal; e a necropapiloscopia, que é um ramo da ciência forense que tem por objetivo a identificação de corpos de vítimas de morte violenta em diversos estados e condições de morte.
Lotada na área criminal, a papiloscopista Daiany Garcia Mamoré, sente-se realizada em exercer a profissão, para qual foi nomeada em 2018, e que considera essencial para a individualização dos custodiados e no auxílio à promoção da Justiça.
A rotina da servidora consiste no recebimento dos Boletins de Identificação Criminal, enviados pelas delegacias de polícia, de pessoas que foram autuadas para pesquisa nominal e o cadastramento das informações civis e criminais no banco de dados. Segundo ela, a organização, atenção, observação são qualidades inerentes à atuação dos profissionais.
“É muito importante para a identificação, pois muitas vezes ocorrem determinados crimes, que não se sabe quem cometeu, e nós temos essa função de identificar estas pessoas. Assim como na custódia, em que muitas vezes uma pessoa se passa por outra que talvez não tenha culpa nenhuma. Nós fazemos essa identificação, trazendo a confirmação sobre quem é a pessoa que está sendo conduzida”, afirmou Daiany.
Para ela, o maior desafio do ofício é fazer com que a população reconheça a importância do ofício. “Vejo que é preciso desenvolver essa área e mostrar para a sociedade o quanto é importante aquilo que a gente faz”.
A papiloscopista Simone Mariana Delgado atua na área há 19 anos, e atualmente trabalha em regime de plantão na identificação de cadáveres do Instituto Médico Legal, em Cuiabá. Os profissionais desta área atuam na rotina pericial da Medicina Legal, identificando os corpos que dão entrada no IML com identidade suposta e ignorada.
“O nosso trabalho é muito importante para a investigação criminal, tendo um aspecto muito relevante tanto no criminal quanto na questão social e humanitária. Na investigação criminal, a identificação é o ponto de partida para se investigar um crime e da confiabilidade à declaração de óbito, evitando que corpos sejam identificados erroneamente e dando dignidade às vítimas. Porque toda pessoa tem o direito de ser identificada e somente o Estado pode prover a identificação”, destacou.
A identificação humana envolve métodos científicos reconhecidos internacionalmente, sendo elas a odontologia legal, a necropapiloscopia e o DNA. Além de métodos secundários que auxiliam na localização de pessoas desaparecidas, como a antropologia forense, que ajuda a estimar a idade, sexo de uma ossada humana, por exemplo.
Dos métodos científicos de identificação humana, a papiloscopia é considerada a mais célere, prática e de baixo custo. Ela pode ser feita em corpos tanto de morte recente quanto aqueles que considerados especiais, que tem um grau de complexidade maior, em razão dos fenômenos cadavéricos, como putrefação, mumificação e carbonização. Enquanto houver pele espessa, tecido epitelial na região da mão e dos pés é possível de ser feita a identificação.
“A principal característica do papiloscopista é a alteridade, em todos os ramos da identificação, que é você se colocar no lugar do outro. Apesar de que a personalidade civil termina com a morte, a dignidade não acaba com ela. Não levamos em consideração a cor da pele, sexo, idade, condição social, se tem passagem criminal ou não, para nós, aquela pessoa é um ser humano que precisa de um atendimento com respeito. Para mim, lidar com a morte sempre foi tranquilo, pois o ser humano tem capacidade de se adaptar. É um trabalho realmente difícil, por lidarmos com a crueldade humana, com morte, violência, mas, quando se faz um trabalho que se gosta é compensador e gratificante, por poder levar a dignidade e poder de certa forma amenizar a angústia de um familiar que está em busca de uma pessoa desaparecida”, afirmou Simone.
Atualmente, a Politec possui 101 papiloscopistas em todo o Estado de Mato Grosso.
Fonte: Governo do Estado