Como bares, restaurantes e boates estão lidando com pandemia

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Vouchers, assinaturas, promoções. Compre agora e leve depois. São muitas as estratégias de bares, boates e restaurantes de todo o país para conseguir dinheiro para pagar os funcionários e fornecedores, enquanto os negócios permanecem fechados por conta do novo coronavírus.

A empresária Ariella Nobre, proprietária do IVV Swine Bar, um bar especializado em vinhos, e do Iviva, uma casa de bowls e smothies, ambos em Brasília, viu o faturamento cair 90% na primeira semana de quarentena dos clientes. Para conseguir vender o estoque de comida optou pela entrega em casa, ou delivery. E agora a maior parte do faturamento vem da expansão do clube de assinaturas de vinhos, que contou com adesão dos clientes que não podem mais ir ao estabelecimento. “Optamos por afastar os funcionários mais vulneráveis, aqueles que teriam que vir de ônibus, e estamos trabalhando com equipe reduzida. Estamos tomando as decisões aqui dia a dia”, conta.

O Gentil Café, também em Brasília, criou cinco tipo de vouchers (cupom) que estão à venda pela internet para que os clientes possam ajudar a pagar os salários dos 11 funcionários. A ideia é que os clientes paguem pelos produtos agora e consumam o valor quando o estabelecimento reabrir. “Você compra agora, ajuda a gente a honrar os pagamentos e usa seu voucher quando o Gentil abrir”, diz publicação nas redes sociais.

Campanha nacional

Uma campanha para restaurantes de todo o país, com patrocínio de uma marca de cerveja, também incentiva a compra de voucher e oferece uma compensação: o dobro do valor gasto em produtos. O movimento Apoie Um Restaurante pede que clientes comprem um voucher que vale R$100 com 50% de desconto, valor final R$50,00 e usem quando os estabelecimentos reabrirem. Só é permitida a compra de um voucher por Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o cupom poderá ser usado até o último dia deste ano.

A casa noturna Eye Patch Panda, em Brasília, lançou uma campanha para conseguir se manter durante a pandemia. Quem fizer compras antecipadas de produtos vai participar de um sorteio de uma festa privada quando a casa reabrir. Segundo o estabelecimento, 20% de todo o valor arrecadado será distribuído entre os funcionários. “Mais do que nunca, a hora é de cuidarmos uns dos outros. Então guarde as suas energias para quando voltarmos à programação”, diz recado publicado nas redes sociais.

Para a analista de Alimentos e Bebidas da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Mayra Monteiro Viana, manter a interação com o cliente é fundamental em um momento de crise: “É comum que os consumidores já sigam seus bares preferidos nas redes sociais. Para manter o consumidor engajado, os bares podem realizar postagens de dicas de elaboração de drinks dentro de casa, harmonização com comidas e até mesmo lives de shows em parceria com artistas locais. Essa é uma nova forma de entretenimento, que manterá o cliente por perto”, explica.

Bares e restaurantes de Botafogo ficam vazios na hora do almoço, no Rio de Janeiro.
Bares e restaurantes de Botafogo ficam vazios na hora do almoço, no Rio de Janeiro – Tomaz Silva/Agência Brasil

Dicas

Para os estabelecimentos que querem optar para a venda de vouchers o Sebrae dá algumas dicas:

– Escolha quais serviços serão oferecidos para a venda antecipada e quais as condições;

– Defina qual será a vantagem para o cliente na compra antecipada, por exemplo, brinde personalizado ou desconto sobre os produtos;

– Defina quais os meios de pagamentos disponíveis;

– Seja transparente na hora de organizar a planilha das vendas antecipadas, deixando essa lista disponível e atualizada para todos os envolvidos;

– Divulgue a venda antecipada primeiro aos clientes mais fiéis e depois ao mercado em geral; “Isso gera a sensação de proximidade e de preferência”, diz nota do Sebrae.

– Use as redes sociais para venda antecipada;

“Em todas essas alternativas anteriores, é fundamental que todo o planejamento da venda antecipada seja debatida e definida junto à equipe. O engajamento dos parceiros é fundamental”, completa o Sebrae.

Edição: Denise Griesinger