O semblante pálido e abatido – com olhos um pouco marejados – no pronunciamento em rede nacional de TV nesta quinta-feira (12) à noite – logo após ele fazer uma live na página do Facebook com máscara – foi o prenúncio de uma sexta-feira 13 sem precedentes na suíte presidencial: deu positivo o primeiro teste para infecção por coronavírus no presidente da República Jair Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro está ou não infectado pelo novo coronavírus? Esta é uma das questões em aberto a serem respondidas nesta sexta-feira. Bolsonaro, sua mulher, Michele, e seu filho, Eduardo, voltaram dos Estados Unidos na madrugada de quarta-feira junto com o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, que testou positivo para o coronavírus Covid-19 nesta quinta-feira.
Bolsonaro pode engrossar uma lista de líderes globais que testaram positivo para coronavírus. O presidente americano, Donald Trump, e seu vice, Mike Pence, que estiveram com Wajngarten, também entraram para o grupo de risco. Apesar disso, ontem, Trump afirmou não estar preocupado. O primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou ontem quarentena depois de mulher, Sophie, ter sido contagiada. Um ministro australiano também foi confirmado com a doença.
O exemplo que ninguém espera seguir é o do Irã, onde uma reação tardia à doença, apimentada por fake news, levou dezenas de parlamentares a ficarem doentes. Quatro morreram. A vice-presidente Masoumeh Ebtekar está infectada. Ainda assim, como reforça Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME, o líder da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, afirma que o vírus é um ataque biológico comandado pelos Estados Unidos.
Ele espera o resultado da contra-prova nesta sexta (13) para confirmar ou não a contaminação. Há tensão no ar. A despeito de passar tranquilidade na TV, e pedir ao povo para evitar as ruas (um claro cancelamento da convocação das manifestações pró-governo de domingo), Bolsonaro não esconde as evidências dos cuidados com a saúde. Apareceu de máscara hoje de manhã e não saiu do Palácio da Alvorada, a residência oficial.
Se Bolsonaro vai divulgar o resultado -seja positivo ou não – é uma questão pessoal, mas que envolve também uma situação de soberania nacional. Passar à população uma imagem de um presidente infectado pode causar medo geral e até mexer com os índices da Bolsa de Valores, que já oscilam fortemente há uma semana, com circuit-break como rotina . Ele também morderia a língua, porque em coletiva nos Estados Unidos (onde pode ter se contaminado), Bolsonaro ironizou a situação apontando que a epidemia de coronavírus seria coisa da mídia.
Bolsonaro vai chamar ao Alvorada o núcleo presidencial – todos militares de alta patente – para decidir o que falar. Enquanto a nação fica de stand by.
A mesma fonte da Coluna informa que até o comandante do avião presidencial que voltou dos Estados Unidos estaria contaminado.
FATOR TRUMP
Uma notícia curiosa circula no petit comité presidencial brasileiro. Muito se diz do constrangimento que seria se o secretário de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten, com infecção confirmada, tivesse contaminado o presidente norte-americano Donald Trump. Mas o papo aqui em Brasília é outro. Toda a cúpula do Governo trata com cuidado para não indicar uma suspeita: boa parte da comitiva foi contaminada na Flórida, e pior, no resort Mar a Lago, de propriedade de Trump. Partindo dessa premissa, há risco de Trump estar contaminado, e ele ter passado o vírus no contato pessoal.