Cerca de 550 deportados já desembarcaram em Confins desde outubro de 2019

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O oitavo voo com deportados brasileiros chegou na tarde desta segunda-feira (9) ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com a assessoria do terminal, 42 pessoas desembarcaram. Com elas já são cerca de 550 os brasileiros que foram expulsos dos Estados Unidos e chegaram a Confins desde outubro do ano passado quando o primeiro avião aterrissou.

O desembarque marcou a retomada de uma medida que não era aceita pelo Brasil desde 2006, quando o Itamaraty alterou a política de trato de brasileiros no exterior.

Brasileiros que desembarcaram na semana passada disseram que a maioria viajou algemada.

“Nós ficamos algemados 24 horas antes de embarcar e durante toda a viagem. Algemas nos pés e nas mãos”, disse uma passageira que não quis se identificar.

Muitos disseram que passaram fome e frio nos Estados Unidos enquanto estavam presos. Por causa disso, o terminal tem oferecido lanche aos deportados que chegam famintos ao aeroporto.

‘Permanecemos algemados nos pés e nas mãos’, diz uma das brasileiras deportadas dos EUA

‘Permanecemos algemados nos pés e nas mãos’, diz uma das brasileiras deportadas dos EUA

Brasil não aceitava voos fretados com deportados desde 2006

A decisão de não aceitar mais o fretamento de aviões veio em 2006 quando, depois de uma CPI que investigou as deportações de brasileiros, o Itamaraty alterou a política de trato de brasileiros no exterior, incluindo aqueles acusados de imigração ilegal.

Um diplomata explica que a decisão de não aceitar mais as deportações em massa veio da necessidade de analisar caso a caso e dar aos brasileiros que vivem nos Estados Unidos, mesmo ilegalmente, a possibilidade de reverter a decisão de deportação – o que muitas vezes acontece quando o cidadão tem filhos norte-americanos, uma estrutura familiar montada e às vezes até negócios.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem facilitado a deportação de cidadãos que vivem irregularmente nos EUA. A medida facilita a deportação, em concordância com pedidos do governo Trump. Como mostrou a Reuters em agosto, o governo emitiu um parecer autorizando a volta de brasileiros no país apenas com um atestado de nacionalidade.

Isso porque a lei brasileira proíbe a emissão de passaportes à revelia do cidadão, o que impedia o governo norte-americano de embarcar os deportados sem que eles se dispusessem a pedir um passaporte. No governo Temer, sob pressão dos EUA, foi feito um acordo para que os consulados emitissem o certificado em alguns casos, mas algumas empresas aéreas se recusavam a aceitar o documento até o parecer do governo brasileiro.

Os voos fretados, no entanto, eliminam também esse problema. Não há necessidade de documento para desembarque no Brasil.

O número de imigrantes brasileiros presos nos Estados Unidos tentando cruzar a fronteira pelo México aumentou mais de 10 vezes no último ano fiscal norte-americano (outubro de 2018 a setembro de 2019), chegando a 17.900, contra 1.500 no ano fiscal anterior. Em 2019, cerca de 850 mil pessoas de diversas nacionalidades foram presas tentando cruzar a fronteira dos EUA.

Fonte : G1.com.br