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Dólar em alta e efeito pandemia fazem fábrica apressar investimento

A disparada do dólar e a insegurança no fornecimento regular de produtos importados da China, provocada pela pandemia do novo coronavírus, aceleraram os planos de nacionalização dos eletroportáteis da Mondial, maior fabricante brasileira de liquidificadores, ventiladores e cafeteiras, entre outros itens.

A companhia está investindo R$ 47 milhões, de recursos próprios, na ampliação da capacidade de produção da sua fábrica instalada em Conceição do Jacuípe, no Recôncavo Baiano. Lá, serão produzidas batedeiras, caixas de som e ventiladores de grande porte usados em comércios e igrejas, por exemplo. Até agora, esses itens eram importados da China. A fabricante vai também estrear na produção de cooktops e estuda a nacionalização de outros eletroportáteis, que atualmente compra do gigante asiático.

“A alta do dólar, que diminuiu significativamente a diferença de custo entre o produto nacional e o importado, foi o principal fator”, afirma o sócio-fundador da empresa, Giovanni Marins Cardoso. Mas ele admite que o efeito do coronavírus trouxe à tona a questão da maior segurança de se produzir localmente. E, na reta final, esse motivo apressou a decisão de dar prioridade à produção doméstica.

Ao justificar o anúncio de investimentos em expansão de capacidade da fábrica em um momento em que outras indústrias paralisam a produção, dão férias coletivas e ameaçam demitir por causa do baque provocado na economia em razão da pandemia do novo coronavírus, Cardoso afirma que está atento a um horizonte mais à frente. “A situação que estamos vivendo hoje é passageira e, quando faço investimentos, estou olhando para o médio e longo prazos.”

O executivo ressalta que o mercado potencial do País é enorme – há 18 milhões de domicílios que ainda não têm um liquidificador. E que também os produtos que fabrica cabem no bolso da população mais pobre, o que, de certa forma, dá mais segurança para enfrentar períodos de crise. Além disso, lembra que seus concorrentes diretos ou são empresas menores com pequena capacidade de investimento ou são multinacionais, que dependem das matrizes e tendem a olhar o copo meio vazio em momentos de turbulência. “A minha visão é sempre do copo meio cheio, apesar de tudo”, diz o empresário, que, mesmo com o impacto do coronavírus, espera ampliar as vendas em dois dígitos este ano.

Cardoso acredita que o mercado deve voltar ao normal a partir de junho, depois da queda nas vendas registrada nas últimas semanas por causa da proibição de funcionamento de lojas físicas para conter o contágio do vírus. O que está garantindo algum faturamento neste momento é o comércio online e os supermercados, que podem funcionar.

No ano passado, a empresa faturou R$ 2 bilhões. No último trimestre de 2019, a fabricante respondeu, em média, por 36% das vendas totais de eletroportáteis em número de unidades no varejo, segundo dados de reconhecidos institutos de pesquisa.

“O bolo (mercado) este ano pode ficar menor, mas a nossa fatia vai aumentar”, diz Cardoso, que tem como uma das metas, ao investir na nacionalização, ampliar a sua participação nas vendas totais do setor. Com as novas linhas de produtos, a fatia de itens nacionais na empresa deve subir de 55% para 65%.

Emprego. Para dar conta da produção local de quatro novas linhas de eletroportáteis, a companhia comprou, da China e Coreia, 20 injetoras para produzir toda a parte plástica dos eletroportáteis. As injetoras devem chegar ao País dentro de três a quatro meses. Vão ocupar uma área nova da fábrica da Bahia, que está sendo ampliada para abrigar essas máquinas.

A expansão da fábrica, incluída no pacote de investimento, será em duas etapas. A primeira, já em andamento, é de 6 mil metros quadrados. A segunda, de 12 mil metros quadrados, está prevista para o segundo semestre.

Conforme forem implantadas as novas linhas de produtos, a empresa vai começar a recrutar trabalhadores. Ao todo, a previsão é admitir 215 trabalhadores efetivos, que vão se juntar aos 2,4 mil funcionários da fábrica da Bahia. A empresa tem outra unidade em Manaus (AM), onde tem 900 funcionários.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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