A inadimplência também subiu e a expectativa da entidade é que aumente por causa do coronavírus. De acordo com o levantamento da CNC, o porcentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 25,3% em março, contra 24,1% no mês anterior.
O levantamento considera como dívidas as contas a pagar em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
O total de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes passou de 9,7% em fevereiro para 10,2% em março. Os indicadores também registraram aumento no comparativo anual.
De acordo com a CNC, março registrou a segunda alta consecutiva do porcentual de famílias sem condições de pagar as dívidas em dia. Em janeiro, este item chegou a recuar ao menor porcentual em oito meses.
A coleta dos dados desta Peic ocorreu entre 20 de fevereiro e 5 de março, anteriormente à semana em que a pandemia da covid-19 se difundiu no Brasil. “Mesmo assim, nota-se uma piora nos indicadores de inadimplência, o que possivelmente deverá se acirrar nos meses à frente, pois a tendência é que os consumidores encontrem mais dificuldades para pagar suas contas sem atraso”, diz a nota da CNC.
Em relação à capacidade de pagamento das famílias, a instituição chama a atenção para dois pontos: o terceiro aumento mensal consecutivo da parcela média da renda comprometida com dívidas, que chegou a 30% em março; e a proporção das famílias que se declararam muito endividadas, que aumentou de 15% em fevereiro para 15,5% em março, além de ter registrado alta de 2,5% na comparação anual.
“Quase um terço da renda das famílias está comprometido com dívidas, é o maior porcentual desde dezembro de 2017. Nas famílias com renda até dez salários mínimos, o comprometimento da renda cresceu de forma mais expressiva nos últimos três meses”, destaca a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira,
O cartão de crédito segue em primeiro lugar como o principal tipo de dívida dos brasileiros (78,4%), seguido por carnês (16,2%) e por financiamento de veículos (10,3%). “A proporção de dívidas em cartão tem diminuído nos últimos meses, enquanto as dívidas com crédito consignado, carnês e crédito pessoal têm ganhado espaço na composição do endividamento”, ressalta a economista da Confederação.