Nesta quinta, o giro financeiro totalizou R$ 27,4 bilhões, consistente com o observado nas sessões anteriores. Na ponta negativa do Ibovespa, Smiles cedeu 8,87% na sessão, seguida por Iguatemi (-7,68%). Entre as blue chips, Vale caiu 4,00%, com Petrobras ON em baixa de 1,84% e a PN, de 0,82%. Na ponta positiva da sessão, Marfrig subiu 2,64%, seguida por BB Seguridade (+2,12%) e Suzano (+1,78%). No ano, o índice acumula agora perda de 30,39%.
“O Ibovespa sofreu hoje uma realização de lucros justamente na faixa de 80 mil pontos, região essa que segurou o mercado ao longo do mês de abril. E somente com seu rompimento para o índice engatilhar uma recuperação, de fato, em maio”, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear. “Na cena interna, vale citar a sequência ininterrupta do aumento de números de casos do coronavírus no Brasil, o que vem preocupando os governadores e deve resultar no adiamento das medidas de flexibilização de isolamento previstas, até então, para o começo de maio”, acrescenta.
Após a divulgação do balanço trimestral do Bradesco, com forte diminuição do lucro, as ações do segmento travaram parte do avanço acumulado pelo segmento na semana, induzido então pelos números do Santander, na abertura da temporada de resultados de janeiro-março. Assim, nesta quinta-feira, Bradesco PN fechou em baixa de 7,22%, e a ON, de 6,45%, com a unit do Santander em queda de 4,59%, mas com as ações destas e de outras grandes instituições financeiras da carteira Ibovespa ainda acumulando alta na semana, à exceção de Itaú Unibanco PN (-1,32% no período). Entre as siderúrgicas, Gerdau PN cedeu hoje 5,78% e Usiminas, 5,14%.
“O mercado acabou comprando a contenção da crise política. Se olharmos os juros, não voltaram ao patamar anterior à crise, mas estão razoavelmente em conformidade com uma situação equilibrada O mercado acionário está sinalizando uma recuperação, uma volta da economia em forma de V, e não uma situação mais grave, em U ou L”, diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura, que mantém avaliação de que os três primeiros trimestres do ano estão comprometidos, com alguma recuperação a caminho a partir de outubro-dezembro de 2020.
Quando for superado o momento extraordinário, de pandemia, “os três entes da União terão de fazer um esforço enorme para ajustar o gasto público”, aponta o economista. Enquanto o gasto público se retrair, o consumo das famílias ainda estará muito prejudicado pelo avanço do desemprego e os investimentos privados tendem a permanecer contidos, aponta o economista-chefe da Nova Futura.
Segundo Silveira, no momento o mercado reage aos balanços do primeiro trimestre, que não refletem o quadro em sua inteireza. “Os do segundo trimestre serão piores do que os do primeiro”, diz Silveira, observando que a reabertura e mesmo a retomada do nível de atividade da economia será gradual, e que ainda não se alcançou o topo da curva da doença no País.
Com a recuperação observada em abril, o Ibovespa deixa para trás um primeiro trimestre para se esquecer, período no qual acumulou perda de 36,86%, a maior de que se tem registro na Bolsa. Em janeiro, após ter renovado máxima histórica no dia 23 daquele mês, o índice de referência da B3 acumulou perda de 1,63%, seguida por mergulhos de 8,43% em fevereiro – o pior desde maio de 2018 – e em março, no auge da volatilidade, quando cedeu 29,90%, a maior perda mensal desde agosto de 1998.