A semana na B3 começou com o Ibovespa em queda, em meio ao avanço do novo coronavírus no Brasil e também em outras partes como os Estados Unidos. Em Nova York, as bolsas caem na faixa de 1,00%, e o Ibovespa acompanha, em meio ao avanço do novo coronavírus e incertezas sobre o tamanho do impacto as economias, além de dúvida em relação ao fim da crise.
Às 10h54, cedia 1,01%, aos 76.893,91 pontos. Na Europa, as bolsas estão fechadas por conta do feriado de Páscoa, o que pode atrapalhar a liquidez.
O investidor local aguarda a votação da chamada PEC do orçamento de guerra no Senado hoje e acompanha as negociações em torno do projeto emergencial de socorro a Estados e municípios na Câmara para atenuar os impactos da pandemia. Além disso, o ruído político está de volta, podendo provocar mais incerteza no investidor.
Por enquanto, a tendência é de queda do Ibovespa, mas é preciso esperar o que virá da capital federal, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM. “O mercado americano tem leve baixa, enquanto o petróleo tem sinal misto, após a frustração em relação ao corte da Opep + de quase 10 milhões, enquanto alguns esperavam redução de 20 milhões. E aqui, o foco é no Congresso, temos de ver o que sairá de Brasília”, diz.
A maior divergência dos senadores com a PEC do Orçamento de Guerra é quanto à permissão do Banco Central (BC) de comprar as carteiras de crédito bancário e títulos das empresas, lembra a MCM Consultores. Os senadores querem uma regulação maior.
Para superar esta divergência, uma alternativa é aprovar a PEC e destacar que será necessário um projeto de lei complementar (PLC) que regulamentaria essas operações com títulos privados, sugere a nota da consultoria.
A expectativa é de uma tramitação rápida para este PLC, cita. Nesse caso, acrescenta que a PEC seria aprovada e promulgada. “Também existe a possibilidade de se mudar o texto da PEC, o que obrigaria o retorno à Câmara Federal deste trecho que foi alterado. As demais medidas desta PEC, como as compras de títulos públicos federais, seriam promulgadas”, afirma.
Os números estimados pelo mercado continuam um cenário difícil para as contas públicas do Brasil. A relação entre o déficit primário e o Produto Interno Bruto (PIB) este ano foi de 1,65% para 4,14%, conforme a pesquisa Focus do BC. No caso de 2021, foi de 0,80% para 1,00%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 foi de 6,90% para 9,02%. Para 2021, foi de 5,00% para 4,95%. A projeção para o PIB em 2020 saiu de declínio de 1,18% para retração de 1,96%.
Quanto ao político, o clima entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, parece que voltou a ficar nebuloso. Ontem, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o ministro reforçou a defesa do isolamento social para conter o avanço do vírus.
Mandetta ainda cobrou uma “fala única” sobre o problema para não confundir a população. Para o ministro, os meses de maio e junho serão os mais duros no enfrentamento da covid-19 no País.
A fala de Mandetta contraria a posição de Bolsonaro, que afirmou, também ontem, em videoconferência com lideranças religiosas, que a “questão do vírus está começando a ir embora.
Fonte: Estadão