Hoje o Banco Central voltou a intervir no mercado, vendendo mais US$ 500 milhões por meio de swap e ainda anunciou pela manhã medidas para o câmbio, prorrogando prazos entre a contratação e a liquidação do contrato de exportações para 1500 dias. As mudanças foram bem recebidas, mas operadores ressaltam que não influenciaram os preços do dólar hoje.
O fator predominante foi o cenário externo, o processo de saída de Mandetta e as discussões no Senado da PEC que cria um “orçamento de guerra”, aprovada ontem em primeiro turno, afirma Jefferson Lima, gerente da Mesa de Reais da CM Capital. Um operador destaca que a saída aumenta a incerteza sobre os próximos passos do combate a pandemia do coronavírus no Brasil. Após o discurso do novo ministro, Nelson Teich, considerado técnico, ao destacar que vai tomar decisões com base na ciência, o dólar futuro para maio passou a cair perto do fechamento, terminando em baixa de 0,19%, em R$ 5,2385.
No exterior, a expectativa maior hoje era para a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos, que mostraram queda das solicitações, de 6,6 milhões na semana anterior, para 5,2 milhões nesta, e ainda vieram abaixo dos 5,5 milhões esperados por Wall Street. Os economistas do Credit Suisse ressaltam que, apesar da queda nas solicitações, os números permanecem muito altos, mas oferecem sinais de que a piora nas demissões pode ter atingido o pico.
Nos mercados de moedas, o analista de mercado financeiro da Oanda, Edward Moya, observa que os traders parecem ter se concentrado nos aspectos positivos dos últimos indicadores, de que a economia dos EUA já está passando pelo pior momento. Por isso, logo após a divulgação hoje dos pedidos de auxílio-desemprego, o dólar caiu para R$ 5,20. Essa visão ajuda o dólar a se fortalecer, mas ainda persiste a incerteza e a “sensação de nervosismo”.
O real junto com as moedas do Chile, Turquia e Hungria tiveram as depreciações mais intensas frente ao dólar antes da crise do coronavírus, justamente por já estarem com problemas antes da pandemia, observa o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que fez um modelo próprio para estimar as divisas mais afetadas. “O choque da covid-19 atingiu fortemente os mercados de câmbio dos emergentes”, avalia a instituição. O dólar já subiu no Brasil 31% este ano até hoje.