A mulher se identificou como professora da rede privada e mãe de família. “Não quero dinheiro do governo, eu quero trabalho”, disse ela. “Esses governadores querem o quê? Eles têm o dinheiro deles.”
Desde a semana passada, quando convocou cadeia nacional de rádio e TV para defender o fim do “confinamento em massa”, Bolsonaro tem feito críticas a medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço do novo coronavírus, como o fechamento de escolas, shoppings e lojas. As restrições seguem orientações de organismos de saúde, como a Organização Mundial de Saúde, que aponta o isolamento social como o método mais eficaz de se evitar a propagação da doença, que já causou 37 mil mortes em todo o mundo e 241 no Brasil até ontem, 1º de abril.
No domingo, 30, um dia após o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir, em reunião tensa, que o presidente não menosprezasse a gravidade da pandemia do novo coronavírus em suas manifestações públicas, Bolsonaro foi às ruas e visitou comércios em Brasília, Ceilândia e Taguatinga. “O que eu tenho conversado com o povo, eles querem trabalhar”, afirmou em meio a apoiadores que se aglomeravam para tirar selfies.
Alvo de críticas, Bolsonaro adotou um tom mais moderado em pronunciamento em cadeia de rádio e TV na terça-feira, 31.
Além da professora e os filhos, outras pessoas também aguardavam a saída do presidente em frente à residência oficial, como ocorre diariamente, mesmo com a recomendação do Ministério da Saúde de evitar aglomerações e de ficar em casa. O número de apoiadores que vão ao Alvorada caiu no início do mês passado, mas voltou a ser numeroso após o presidente passar a defender a “volta à normalidade”, defendendo o isolamento apenas para idosos e doentes, considerado grupo de risco da doença.