Aglomeração, falta de máscaras e drible às regras marcam reabertura de BH

0
248
População usa máscaras nas ruas do Rio de Janeiro, desde ontem (23) a prefeitura tornou o uso obrigatório através de decreto.
O primeiro dia do retorno ao funcionamento de parte do comércio de Belo Horizonte, nesta segunda-feira, 25, teve drible às regras da prefeitura, aglomerações, pessoas sem máscaras nas ruas e filas enormes para entrada nos shoppings populares da cidade. A decisão pela volta do comércio foi anunciada na sexta-feira, 22, pelo município mesmo com temor da equipe médica da prefeitura sobre os impactos da medida.

Além dos shoppings populares, a prefeitura autorizou o retorno, também nesta segunda-feira, de papelarias, lojas de móveis, artigos de iluminação, tecidos e armarinho, por exemplo. Na região central da cidade, é grande o número de lojas que não podem reabrir, como a de venda de roupas, mas que arrumaram um jeito de driblar a fiscalização. Os estabelecimentos ficam com as portas à meia altura, tentando disfarçar o atendimento aos clientes.

Segundo a prefeitura, quem não respeitar as regras do retorno do comércio, que, conforme o município, será gradual, e dependerá do avanço ou não da covid-19 na cidade, poderá perder o alvará de funcionamento. O retorno vale apenas para lojas com portas para a rua. Galerias, por exemplo, têm que permanecer fechadas.

Na região do maior centro de compras popular da cidade, o Shopping Oi, foi grande nesta manhã as aglomerações de pessoas, muitas, sem máscaras. Ponto de ônibus ficaram lotados. A fila para entrada no shopping, já era grande antes das 10h. O centro de comprar abriu às 11h. Um funcionário, próximo do horário da abertura, fazia mais marcações no chão para o distanciamento entre os clientes.

Um dos que esperavam a abertura do centro era Bruno Sérgio Luiz de Araújo, de 26 anos. “Trabalho com conserto de telefones celulares. Tenho que vir aqui para comprar peças. Fazia isso pela internet, mas a burocracia é muito grande”, disse. Bruno, com o que viu hoje na entrada do Shopping Oi, avalia que a situação da doença na capital pode piorar. “Já está difícil com o povo dentro de casa. Imagina agora, começando a sair”?, questiona.

O Shopping Oi, para reabrir, adotou medição de temperatura dos clientes na entrada, o distanciamento na fila e restrição no número de pessoas dentro do centro de compras, 500 por vez. Funcionários também tinham a temperatura medida. Além disso, apenas lojas com números pares abriram hoje. Nesta terça-feira, voltam a funcionar as de números ímpares.

No retorno, houve reclamação de falta de comunicação por parte da prefeitura sobre quais estabelecimentos poderiam voltar hoje. A artesã Ana Paula Carvalho, de 50 anos, moradora de Vespasiano, na Grande Belo Horizonte.

“Saí às 6h da manhã de casa para comprar um material que vende em poucos lugares. Chegou aqui, está fechado, disse”, na entrada da Galeria Ouvidor, a mais tradicional da capital, área que também registrou aglomeração de pessoas nesta manhã. Segundo a prefeitura, as informações sobre o retorno do comércio foram repassadas em coletivas de imprensa, além de terem sido colocadas textos no site da prefeitura e de ter um serviço por telefone para sanar dúvidas.

Medo

Na sexta-feira, durante anúncio do retorno parcial do comércio de Belo Horizonte, um dos médicos que fazem parte do comitê criado para traçar estratégias contra a covid-19 na cidade, Jackson Machado, disse que o momento lhe trazia “um pouco de medo”.

“Não sabemos o que pode acontecer”, afirmou. A prefeitura afirma que a reabertura de outros setores do comércio dependerá de critérios que levam em conta o índice de transmissão da doença na cidade, e leitos de UTI e enfermaria disponíveis no município

Existe a possibilidade, ainda conforme a prefeitura, de lojas reabertas voltarem a ser fechadas. Segundo o município, 9.729 estabelecimentos comerciais puderam reabrir hoje na cidade, com cerca de 30 mil pessoas voltando ao trabalho. Segundo dados da secretaria de Estado da Saúde, Belo Horizonte tem 1.402 casos de covid-19 e 42 mortes pela doença.

Fonte: Estadão