A adoção de um bloqueio total, que vete qualquer deslocamento que não seja essencial, não está na lista de opções da maioria das prefeituras da Grande São Paulo para combater a pandemia do novo coronavírus. Após o prefeito Bruno Covas (PSDB) declarar que não descarta a possibilidade de adotar o chamado “lockdown”, o “Estadão” procurou os municípios da região metropolitana, dos quais apenas 1 se mostrou favorável, enquanto outros 32 são contrários e 5 não responderam.
Covas já disse que o bloqueio total pode ser adotado caso o índice de isolamento social continue abaixo do nível ideal. Três dias atrás, ele declarou que um possível “lockdown” teria mais efeito se fosse adotado por outras prefeituras da região metropolitana, por causa da circulação de pessoas entre as cidades.
O endurecimento do isolamento apenas na capital é considerado ineficaz, e se prevê dificuldade na tarefa de conseguir apoio de alguns municípios vizinhos. Em nota na quinta-feira, a gestão Covas disse que um “lockdown” só será decretado “se técnicos da saúde recomendarem e, preferencialmente, se for adotado coordenadamente com os 39 municípios da Grande São Paulo ou com o governo do Estado.” Ontem, o governador João Doria (PSDB) afirmou que a medida pode ser aplicada, tanto em nível local quanto regional, em caso de necessidade.
Para a maioria das prefeituras, a possibilidade de bloqueio deve ser considerada se a ocupação de leitos de UTI chegar perto do limite. “Para decretar “lockdown”, o primeiro problema é a falta de leitos hospitalares e de UTI – até porque aí você deixa de ter onde atender a população – o que não é meu caso”, diz o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB). A cidade inaugurou há 15 dias um hospital de campanha e entregou 250 leitos.
Já o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), é favorável à adoção do “lockdown” conjunto com São Paulo e diz que defenderá a medida na próxima reunião do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que preside, na segunda. “Pactuo com o ‘lockdown’ neste momento. A gente vê que inúmeros países tiveram essa atitude mais ríspida.”
A opinião de Maranhão não é acompanhada por nenhum dos outros seis prefeitos do consórcio. “Não caberia neste momento um “lockdown”, não faria sentido por todo o planejamento (municipal), que tem gerado bons números”, diz Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André. “Mas a gente sabe que não é uma decisão individual”, pondera. “Se tiver uma determinação regional, nós vamos seguir.”