A Comissão Europeia apresenta nesta quarta suas recomendações para uma reabertura “gradual” e “sem discriminação” das fronteiras internas da União Europeia (UE) e para o turismo com segurança, uma iniciativa que visa a salvar a lucrativa estação do verão.
“Não será um verão normal, mas se todos fizerem sua parte, não teremos que enfrentar um verão preso em casa, ou totalmente perdido para a indústria do turismo”, disse a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager.
No plano previsto por Bruxelas, a primeira fase seria a atual, marcada pelo fechamento das fronteiras para viagens “não essenciais”. Na segunda, a comissão propõe levantar restrições entre países e regiões com uma situação de saúde semelhante e melhorando.
A fase final levaria ao levantamento de todos os controles de fronteira no espaço europeu de livre circulação de Schengen, para o qual Bruxelas pede aos países que levem em conta critérios sociais e econômicos, bem como sanitários.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou que a “dependência” do turismo, que representa mais de 10% do PIB da UE e quase 12% do emprego, vai acentuar o impacto econômico do coronavírus nas economias da Espanha, Itália e Grécia.
Áustria e Alemanha já anunciaram que planejam restabelecer a livre circulação a partir de 15 de junho na fronteira comum, fechada desde meados de março. A Alemanha observou que, a partir dessa data, planeja reabrir todas as suas fronteiras.
Outras restrições foram levantadas na França e na Espanha, depois de semanas de confinamento que deixaram a população exausta, e suas economias, paralisadas.
Uma parte das crianças francesas conseguiu voltar às aulas, e algumas praias vão reabrir no próximo fim de semana para caminhadas, ou para a prática de esportes.
Na Espanha, muitas pessoas ficaram felizes por poderem voltar aos bares, com rigorosas medidas de higiene e de distanciamento social.
Na terça-feira, 12, as autoridades espanholas decidiram que as pessoas que chegam do exterior terão de passar por uma quarentena de 14 dias.
Advertência nos EUA
Diante de uma catástrofe de saúde global que deixou mais de 292 000 mortos e infectou mais de 4,2 milhões de pessoas, todos os países tentam encontrar um equilíbrio entre as medidas sanitárias e o renascimento da economia, afetada por uma crise sem precedentes.
Nesse sentido, o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento prevê um impacto “maciço” do coronavírus nas economias da Europa Central e Oriental, com uma queda de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
O chefe imunologista da Casa Branca, dr. Anthony Fauci, emitiu um alerta na terça-feira contra as possíveis consequências “muito graves” de uma retomada da atividade econômica prematura nos Estados Unidos, o país mais atingido pela covid-19, com mais de 82.000 mortos.
O saldo diário voltou a subir nos Estados Unidos na terça-feira, com quase 1.900 óbitos em 24 horas.
As autoridades de saúde de Los Angeles, a segunda maior cidade do país, disseram que as medidas de confinamento provavelmente permanecerão em vigor até o final de julho, a menos que haja uma “grande mudança”.
A própria Casa Branca é afetada pela pandemia: o vice-presidente Mike Pence decidiu se afastar por “alguns dias” do presidente Donald Trump, depois que um de seus colaboradores deu positivo para o coronavírus.
Alerta na América Latina
O Brasil é o país mais atingido na América Latina e Caribe, que nesta quarta-feira superou os 400.000 casos confirmados. O segundo país com mais casos na América Latina é o Peru (mais de 72.000 infecções e mais de 2.000 mortes), seguido pelo México, o terceiro país com mais casos (38.324), mas o segundo com mais óbitos (3.926).
O Conselho Geral de Saúde do México decidiu levantar progressivamente o confinamento, autorizando atividades como construção, mineração e fabricação de equipamentos de transporte
Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro estendeu por um mês o “estado de emergência”, até 12 de junho.
Apesar do atual confinamento, o fluxo de pessoas nas ruas de Caracas e em outras cidades do país aumentou nos últimos dias, já que milhões de venezuelanos precisam sair para encontrar trabalho e meios de subsistência, em meio à profunda crise econômica que castiga a nação. (Com agências internacionais).