O crescimento do saldo da balança comercial de abril (US$ 6,7 bilhões, US$ 1 bilhão acima de igual mês de 2019) foi puxado pela queda das importações, já refletindo a incorporação do cenário de queda na atividade econômica por causa da pandemia de covid-19, mostram os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira (14) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em abril, as importações caíram 7,8% em preço e 7,6% em volume, sempre na comparação com igual mês de 2019.
“As importações vinham registrando aumentos na comparação mensal interanual, desde dezembro, e em março tiveram um acréscimo de 15,4%. Risco de novas desvalorizações e efeitos defasados entre os contratos e a mudança no cenário doméstico com a tendência recessiva na economia explicariam esse resultado. A queda nas importações, em abril, mostra que o cenário de queda no nível de atividade da economia já foi incorporado pelos operadores do comércio exterior”, diz nota divulgada pela FGV.
Os dados de exportações, que caíram 2,0% em preço e 2,3% em volume em abril ante abril de 2019, também refletiram a parada na atividade econômica. Enquanto as vendas de commodities ao exterior saltaram 17,1% em volume no mesmo período de comparação, as exportações de “não commodities” tombaram 30,1%. As vendas ao exterior da indústria de transformação caíram 17,1%
“A indústria de transformação não se beneficiou da desvalorização cambial e num cenário de queda no comércio mundial recuou 17,1%, na mesma base de comparação. O resultado desse desempenho é que, entre os primeiros quadrimestres de 2019 e 2020, excetuando a agropecuária, todas as indústrias registraram queda nos volumes exportados”, diz a nota da FGV.
Entre as commodities, a alta da exportação em volume foi verificada nas matérias-primas agrícolas. “A liderança das commodities nos volumes exportados está associada ao setor de agropecuária que registrou crescimento de 47,5% entre os meses de abril de 2019 e 2020, enquanto a indústria extrativa registrou queda de 5%”, diz a nota da FGV.
O aumento das exportações desses itens se deu na esteira do apetite da China. O volume total exportado para o país asiático saltou 30,9% em abril ante abril de 2019. Já as vendas para países que compram mais manufaturados do Brasil, como Argentina e Estados Unidos, tombaram 45,2% e 26,1%, respectivamente.
Com isso, a China ficou com 31% de participação nas exportações totais do Brasil e respondeu por 21% de tudo o que o País importou. “A China explicou 31% das exportações brasileiras e 21% das importações, no primeiro quadrimestre de 2020. Esse país supera as participações de todos os principais mercados de destino das exportações e de origem das importações brasileiras. Destaca-se a queda nas exportações para a Argentina, levando o país à quinta posição como principal mercado de destino das vendas externas do Brasil, com uma participação de 2,6%”, diz a nota da FGV. O segundo principal destino das exportações brasileiras é a União Europeia, com 16% de participação no total .
Fonte: Estadão