Mesmo com a crise no sistema de saúde por causa do novo coronavírus, Fortaleza ainda encontra dificuldades para fazer cumprir o “lockdown” (bloqueio total), medida adotada pelo governador Camilo Santana (PT) no dia 7 de maio.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, só em Fortaleza, desde o início da determinação de isolamento social rígido até a manhã de segunda-feira, órgãos de segurança, trânsito e fiscalização estaduais e municipais atenderam 2.633 ocorrências.
Foram 1.766 chamados atendidos por aglomeração de pessoas, 702 referentes a comércios abertos, e 165 ocorrências por descumprimento do uso da máscara de proteção, que é obrigatório. A pasta informa que 169.383 veículos foram abordados nas barreiras nas entradas e saídas de Fortaleza.
O Ceará vem registrando aumento do número de casos da covid-19 e é um dos Estados com mais infecções e mortes. Até ontem, haviam sido registrados 2.603 óbitos.
Em 20 de maio, a aposentada Rosa Carlos de Araújo, de 83 anos, deu entrada no Hospital Gonzaguinha de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, com dores na barriga por causa de uma hérnia. No dia seguinte, ela precisou de oxigênio e, sem melhoras, passou a fazer o tratamento recomendado para o novo coronavírus. Mesmo com muita falta de ar e a necessidade de ser entubada, dois testes rápidos deram negativo para covid-19. Mas a aposentada precisava ir para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A neta, Ingrid Araújo da Silva, relata a dificuldade que enfrentou. “Só ouvia falar que não tinha vaga para a minha avó. Corri para pedir ajuda nas redes sociais, porque eu não sabia mais o que fazer. Até que apareceu um anjo, advogado, que pediu a liminar para conseguir a vaga de UTI e só assim conseguimos”, lembrou a neta, de 26 anos. “Às 3 horas da madrugada de hoje (segunda-feira), solicitaram uma ambulância com UTI para transferir minha avó, mas ela não resistiu. O pior é que até agora esse Samu não chegou. A funerária vai chegar antes da ambulância.”
No Ceará, os hospitais públicos estão com uma média de 87,83% de ocupação dos leitos de UTI – 91% por adultos. Nas enfermarias, há 71,75% dos leitos ocupados. Na rede privada de saúde, a situação é ainda mais grave: 93,7% das UTIs e 86,43% das enfermarias estão sem vagas.
O Estadão questionou a Secretaria de Saúde do Estado sobre a quantidade de pacientes que está à espera de uma vaga para internação em UTIs, mas não obteve retorno.
Fonte: Estadão