“A data da prova pode ser modificada, mas discutir isso agora ainda é prematuro. Não há elementos suficientes para mudá-la. Precisa ser uma discussão mais serena e mais para o futuro. A data não pode ser mudada várias vezes. De todos os pedidos de adiamento que recebi, não tive nenhuma sugestão de data”, disse Lopes nesta sexta-feira, 15, durante uma “live” promovida pela Evolucional, empresa que utiliza a tecnologia para produzir simulados pedagogicamente alinhados ao Enem.
Usando o mesmo argumento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente do Inep citou que 60% dos candidatos do Enem já concluíram o ensino médio. “A maioria já concluiu. Dificilmente o aluno que sai do ensino médio da escola pública já ingressa direto na faculdade”.
Segundo ele, é preciso “dar um norte aos alunos”, dizer que o Enem vai será realizado. “Para que, desta forma, os estudantes continuem estudando, mesmo durante a quarentena. A data pode ser modificada, mas asseguramos que vamos realizar o Enem”, disse Lopes.
Na quarta-feira, 13, o presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração parecida ao dizer que a prova poderia “atrasar um pouco”, devendo, no entanto, ser realizada ainda neste ano. “O Enem, estou conversando com o Weintraub, né? Se for o caso, atrasa um pouco, mas tem de ser aplicado esse ano”, disse Bolsonaro.
Conforme o cronograma divulgado na segunda-feira, 11, a prova impressa está mantida para os dias 1.º e 8 de novembro. A partir deste ano, o candidato poderá optar pela avaliação digital marcada para os dias 22 e 29 do mesmo mês, com previsão de ser aplicada para 100 mil alunos em laboratórios de faculdades de 15 capitais do Brasil. A previsão inicial era que o Enem digital fosse aplicado nos dias 11 e 18 de outubro.
Também na segunda-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o pedido de adiamento do Enem, feito pela União Nacional dos Estudantes (Une) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
Educadores, estudantes e entidades de educação criticam a decisão de o Ministério da Educação (MEC) manter a realização das provas do Enem deste ano. Diante da suspensão de aulas por causa da pandemia do novo coronavírus, ainda sem definição para serem retomadas, a desigualdade de ensino é a principal bandeira levantada por aqueles que pedem o adiamento do exame. Além disso, ainda há incertezas sobre os riscos da covid-19 no País em meados de novembro com as aglomerações provocadas para a realização do exame.