Apesar de continuar com as atenções centralizadas na evolução da pandemia do novo coronavírus e seus impactos econômicos ao redor do mundo, o mercado de soja volta a sentir um peso crescente de fatores ligados à oferta e demanda mundial da oleaginosa, com destaque para notícias das cadeias produtivas dos Estados Unidos e da China.
Diante disso, a consultoria Safras & Mercado preparou um conteúdo especial para o produtor ler antes de fechar negócios na próxima semana. Confira!
Safra nos EUA
Nos Estados Unidos, os trabalhos de plantio da nova safra começaram em ritmo acelerado, acima da média normal para esta época do ano. O último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou semeadura até o domingo, 26, estava em 8%, contra 2% no ano passado e 4% na média dos últimos cinco anos.
A expectativa da Safras & Mercado é que as próximas semanas sejam decisivas para a definição do tamanho da área plantada com soja e consequente potencial produtivo norte-americano nesta nova temporada.
“Existe uma possibilidade crescente de transferências de áreas de milho para a soja devido à baixa demanda por etanol nos EUA diante das paralisações derivadas do coronavírus e da crise do petróleo”, diz o analista Luiz Fernando Gutierres. Vale lembrar que boa parte do cereal norte-americano é destinado à produção do biocombustível.
Demanda da China
Os produtores ainda têm dúvidas sobre a retomada da demanda chinesa pela soja norte-americana no segundo semestre. Anúncios recentes de compras da China de soja dos EUA foram vistos com bons olhos pelo mercado, dando suporte para Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT).
A tendência é que o país asiático honre o acordo comercial assinado em janeiro, e, para isso, migre fortemente sua demanda para os portos norte-americanos a partir de julho e agosto.
Fechamento de frigoríficos nos EUA
Cresce também a preocupação com o fechamento de fábricas de proteína animal nos Estados Unidos. Neste sentido, o mercado deve receber bem o Defense Production Act, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que obriga a reabertura de frigoríficos como forma de impedir um colapso na oferta de alimentos para a população.
Clima nos EUA
Além destes fatores, a partir de agora a soja começa a entrar no chamado mercado climático norte-americano, onde qualquer notícia sobre o assunto pode influenciar os preços internacionais. “Esperamos uma volatilidade grande dentro dele”, diz Gutierres.
Dólar
No Brasil, os preços permanecem extremamente elevados, amparados em um dólar valorizado e em prêmios firmes diante da forte demanda por exportação. Sobre o câmbio, cresce o peso de fatores políticos internos. Diante disso, a consultoria espera manutenção de uma grande volatilidade no câmbio.
“A possível abertura de investigação sobre as declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal deve ser fator-chave para os próximos dias”, comenta.