Comissão discute evasão escolar e dificuldades na educação durante e após pandemia

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A Comissão Especial que avalia a retomada das atividades escolares nas redes estadual e municipal de ensino de Mato Grosso discutiu, nessa quinta-feira (18), a possibilidade de aumento dos índices de evasão escolar e outras dificuldades enfrentadas pela educação durante e após a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

O provável aumento dos índices de evasão escolar tem sido uma das principais consequências desse período prolongado de paralisação das atividades presenciais, segundo resolução elaborada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e apresentada durante a reunião pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB).

Conforme a resolução, embora as redes de ensino venham buscando reduzir os prejuízos na aprendizagem de seus estudantes por meio da oferta de ensino remoto, o desafio de mantê-los engajados nos estudos é grande. A falta de acesso ou o acesso limitado à internet é apontado como o primeiro obstáculo para que a totalidade dos estudos seja contemplada.

Diante desse cenário, Wilson Santos sugeriu que seja elaborado um planejamento estratégico para volta às aulas, que inclua estratégias para combater essa desigualdade entre os estudantes. “O ensino à distância pode aumentar esse fosso e nós temos que estar atentos a isso”, frisou.

A deputada federal Rosa Neide (PT) reforçou a necessidade da elaboração de um planejamento estratégico para retorno das aulas presenciais, mas salientou a importância da manutenção das atividades remotas durante a pandemia. A mesma opinião foi compartilhada pelo vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) de Mato Grosso, Eduardo Ferreira da Silva.

“Quando se fala em atividade remota, temos que fazer o que pode ser feito […] Se não fortalecermos os vínculos família e escola neste momento de distanciamento, nós vamos ter uma taxa de evasão escolar sem precedentes na história”, advertiu.

O promotor de Justiça do Ministério Público Estadual Miguel Slhessarenko Júnior destacou a importância da manutenção do ensino híbrido mesmo após a volta às aulas para atender os alunos que não puderem retornar e os que precisarem de reforço. Defendeu ainda o estabelecimento de estratégias para combater a evasão escolar, bem como a inclusão na Constituição do direito à inclusão digital como novo direito fundamental individual.

Reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Rodrigo Bruno Zanin chamou a atenção para o risco de haver um retrocesso nos processos educacionais existentes antes da pandemia e defendeu que seja feita uma parceria com empresas de telefonia do estado para ampliar o acesso a ferramentas digitais.

 

Além da dificuldade de acesso à tecnologia, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, citou a sobrecarga dos profissionais da educação como fatores que prejudicam a qualidade das aulas ministradas de forma não presencial e sugeriu a realização de uma audiência pública para ouvir trabalhadores, estudantes e seus familiares.

“Não podemos ficar nos enganando sobre a realidade da educação. A realidade é que o que está sendo ofertado de educação complementar à distância é uma tentativa. Mesmo as aulas que estão sendo transmitidas pela TV não são acessíveis a todos”, ponderou.

A secretária-adjunta de Gestão Educacional da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Rosa Maria Luzardo, informou que a Pasta ouviu diversas instituições, bem como outros estados e até mesmo entidades internacionais e, com base nas informações recebidas, elaborou uma proposta para o retorno às aulas. Segundo ela, o documento está sendo analisado pelo governador Mauro Mendes e contempla ações visando a garantir a qualidade do trabalho pedagógico, bem como de suporte a alunos e profissionais da educação.

Covid-19 em MT – Conforme levantamento apresentado pelo deputado Lúdio Cabral (PT), o número de casos novos registrados por semana em Mato Grosso é duas vezes superior ao número de casos recuperados no mesmo período. Para combater o avanço da doença, o parlamentar defende que seja realizado inquérito de soroprevalência no estado. Segundo ele, Mato Grosso possui capacidade técnica para isso e o custo para implementação da medida é baixo.

O presidente da comissão especial, deputado Valdir Barranco (PT), destacou a importância das discussões realizadas durante os encontros e reforçou o compromisso de apresentar um relatório propondo ações para contribuir com a educação de Mato Grosso. “Queremos deixar um trabalho que possa ficar para as futuras gerações”, afirmou.

A próxima reunião da comissão será realizada no dia 25 de junho, às 9h.

Fonte: Assessoria Núcleo Social ALMT