O reaparecimento de uma nuvem de gafanhotos na Argentina que assustou produtores rurais, assim como entidades do governo do país, volta a preocupar por sua proximidade com a fronteira brasileira. Neste sábado, 27, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina informou que os insetos voltaram a ser avistados em uma localidade afastada, a 100 quilômetros de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
As autoridades argentinas perderam a nuvem de vista na noite da última quinta-feira e a previsão de queda de temperatura e ventos fortes indicavam que os animais perderiam o poder de locomoção. Agora, os insetos estão na região de Curuzú Cuatiá, provícia de Corrienes. O Senasa confirma que a nuvem perdeu intensidade, mas indica que é preciso atenção.
“Em Corrientes foi possível reduzir a densidade da nuvem de gafanhotos através de um trabalho conjunto do governo de Corrientes e da Senasa. Após longos dias de busca das equipes da Senasa e da província de Corrientes, hoje (SEXTA, 26) foi possível encontrar a localização da nuvem, que ficava 90 km a oeste de Curuzú Cuatiá, em uma área de difícil acesso. A colaboração dos produtores da região é fundamental. Foram realizados tratamentos fitossanitários para reduzir a população de gafanhotos. As aplicações foram realizadas com um avião e estavam a cargo da Diretoria de Produção Vegetal da Província de Corrientes”, disse a entidade.
Com o enfraquecimento da nuvem e o trabalho feito com aviões e defensivos por parte dos argentinos, é pouco provável que os gafanhotos atravessem a fronteira com o Brasil, mesmo se os ventos e a temperatura contribuírem.
De qualquer maneira, o Ministério da Agricultura declarou estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina devido ao risco de surto de gafanhotos nas áreas produtoras dos dois estados. Equipes do ministério e dos governos estaduais estão acompanhando a movimentação dos insetos e trabalhado em um plano de ação caso a nuvem chegue ao Rio Grande do Sul.
Uso de aviões no combate
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) informou tem reunião com empresários aeroagrícolas da fronteira horas depois da aviação agrícola argentina ter realizado uma operação contra gafanhotos em Corrientes.
Foi realizada uma videoconferência com empresas aeroagrícolas da região de Uruguaiana, para repassar com aos empresários a quantidade de aeronaves disponíveis imediatamente para uma ação contra gafanhotos, caso a nuvem acabe se desviando para o território brasileiro. “O encontro, via web, ocorreu horas depois em uma operação da aviação agrícola argentina contra a nuvem de insetos, na região de Curuzu Cuatia”, disse o Sindag.
Os insetos teriam sido localizados ontem, no final da tarde, pousados em uma área de campo, a 43 quilômetros no interior do município, com a operação sendo realizada ainda antes da noite, por um avião agrícola. Segundo o delegado das Confederaciónes Rurales Argentina (CRA), Martin Rapetti, a operação de ontem contou com dois aviões agrícolas e eliminou cerca de 15% da nuvem.
“A reunião com as empresas aeroagrícolas da fronteira oeste já estava prevista desde o início da tarde de ontem, para um briefing com a turma local sobre o andamento das conversas com especialistas e autoridades na preparação de um plano nacional permanente contra a praga. Ao mesmo tempo, queríamos ter um inventário das aeronaves à disposição na área de fronteira, já que a região está no período de entressafra de parte das lavouras, embora esteja operando bastante em semeadura e adubação de pastagens. Período em que os empresários aproveitam para fazer a manutenção obrigatória anual dos aviões”, explica o presidente do Sindag, Thiago Magalhães.
A frota aeroagrícola do Rio Grande do Sul é de 462 aeronaves, espalhadas em todo o Estado. Só em Uruguaiana, são 10 aviões prontos para operação imediata, o que é considerado mais do que suficiente para a região. Isso porque a nuvem, que em voo abrange uma área de até 10 quilômetros de comprimento por três de largura (equivalente a 3 mil hectares), quando pousa para se alimentar e passar a noite – do final da tarde até o início da manhã seguinte, ela se concentraria em uma área de até 10 hectares. “Espaço em é possível fazer a operação com um ou dois aviões”, ressalta Magalhães.
Por Canal Rural