Bolsonaro monta agenda de viagens e discute trocas de líderes

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O presidente Jair Bolsonaro fala à imprensa no Palácio da Alvorada

Isolado no Palácio da Alvorada havia 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retornou nesta segunda-feira (27) à rotina normal de trabalho após anunciar que seu exame médico deu negativo para o novo coronavírus.

No primeiro dia de volta ao Palácio do Planalto, o presidente programou agenda de viagens, fez reunião com ministros palacianos, discutiu a pauta governista e avaliou nomeações para cargos de liderança no Poder Legislativo.

Pela manhã, ainda vestindo máscara de proteção, Bolsonaro alertou a um grupo de apoiadores que não cumprimentaria ninguém com aperto de mão. “Desculpa aí. Eu estou imunizado já, mas evito o contato”, disse.

Ainda no Palácio da Alvorada, o presidente discutiu com deputados aliados nomes para a vice-liderança do governo no Congresso. Na semana passada, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) foi retirada do posto após votar contra o Fundeb, o fundo da educação básica.

O presidente não chegou a uma definição. A ideia é que ele preencha o posto com um nome do centrão, em agosto, quando deve fazer outras trocas, como as mudanças dos vice-líderes Pedro Lupion (DEM-PR) e Izalci Lucas (PSDB-DF).

No Palácio do Planalto, Bolsonaro fez uma reunião com os ministros militares para discutir projetos prioritários e o cenário externo de tensão entre os Estados Unidos e a China. Segundo relatos feitos à reportagem, ele também pediu celeridade na votação de pautas no Legislativo.

O pedido do presidente foi repassado à tarde pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, em encontro com lideres partidários. Na lista, estão o marco legal do gás, a autonomia do Banco Central, a lei de falências e o projeto do homeschooling (educação em casa).

O presidente definiu ainda que, nesta semana, fará duas viagens. A primeira, na quinta-feira (30), para a Bahia, onde deve inaugurar uma adutora. Na sexta-feira (31), deve visitar o Rio Grande do Sul para a entrega de um conjunto habitacional.

Durante a tarde, o presidente telefonou para o sargento aposentado do Corpo de Bombeiros Augusto Cassaniga, que participou do resgate de vítimas do incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo, em 1974. Bolsonaro parabenizou o militar pelos seus 80 anos e gravou a conversa.

Na sequência, o presidente foi ao HFA (Hospital das Forças Armadas), em Brasília, visitar a equipe médica que ajudou em seu tratamento contra o novo coronavírus. E, ao retornar ao Palácio da Alvorada, voltou a cumprimentar simpatizantes.

“Eu posso tirar a [máscara]?”, questionou. “Não, porque vira capa do jornal amanhã”, completou.

Mesmo assim, o presidente baixou a máscara para tirar fotos com apoiadores. Ele disse que não teve sintomas fortes da doença.

“Quem tem problema de saúde e uma certa idade qualquer coisa é perigosa. Se tomar uma chuva, pega pneumonia”, afirmou.

O primeiro exame positivo do presidente foi divulgado em 7 de julho. Desde então, ele ficou recolhido no Palácio da Alvorada.

Durante esse período, passou a aparecer no jardim nos finais de tarde para alimentar emas e acompanhar a cerimônia de arriamento da bandeira nacional.

Ao longo dos últimos 20 dias, manteve uma rotina de reuniões por videoconferência, lives às quintas-feiras e de publicações nas redes sociais, muitas vezes defendendo o uso da hidroxicloroquina, medicamento que não tem efeito cientificamente comprovado no combate ao coronavírus.

No sábado (25), logo depois de se dizer curado, saiu de motocicleta por Brasília provocando aglomeração e, em alguns momentos, sem máscara. Foi a uma concessionária de motos, abasteceu em um posto de gasolina e visitou a deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Na manhã desta segunda, o presidente demonstrou impaciência com pedidos de um grupos de apoiadores. Ele pediu objetividade nas manifestações e reclamou das demandas.

“Se todo mundo que vier aqui quiser falar comigo, vou botar um escritório, botar uma escrivaninha aqui e atender todo mundo“, disse Bolsonaro.

Ao dizer que voltaria a trabalhar, atribuiu o desemprego no Brasil a outras pessoas, mas não citou nomes.

Desde o início da crise, o presidente tem criticado prefeitos e governadores por decretos de fechamento do comércio, medida tomada para evitar aglomerações e a aceleração da disseminação do vírus.

“Pessoal, obrigado. A gente vai voltar a trabalhar hoje. Muitos problemas para resolver, muitos, que outros fizeram para a gente para botar no meu colo. Acabaram com o emprego no Brasil, a gente vai ter que trabalhar para recuperar isso daí”, afirmou.