A dupla Obama-Biden ressurgiu de máscaras e depois praticando o distanciamento social numa conversa nostálgica sobre os oito anos de governo para tentar restaurar uma coalizão radicalmente interrompida há quatro anos. No vídeo de 15 minutos, assistido por pelo menos 120 milhões de pessoas, o ex-presidente mergulhou fundo na campanha de seu ex-vice, como a continuação de sua Presidência, por ser a única capaz de unir os americanos.
O nome do sucessor sequer foi mencionado, referido várias vezes apenas como “esse cara” — o que, segundo Biden, desistiu do país.
Nos últimos dias, quando o número de casos do novo coronavírus ultrapassou os quatro milhões de infectados, o presidente americano se mostra obcecado com apenas um assunto: vangloriar-se do resultado de seu teste cognitivo e desafiar Biden a fazê-lo.
São duas narrativas distintas para desqualificar o adversário. Biden é pintado como fraco e velho pelo presidente, apenas três anos mais novo do que o adversário. Como exemplos de perspicácia e resistência mental, Trump lista três homólogos autocratas: Xi Jinping, da China, Vladimir Putin, da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia.
O atual presidente, por sua vez, é exposto por Obama e Biden como incapaz de manifestar empatia e preocupação com os americanos; ao contrário, prega a divisão e tenta destruir as conquistas na segurança social.
“Você pode imaginar dizer quando era presidente: “Não é minha responsabilidade, eu não assumo nenhuma responsabilidade? Literalmente?”, pergunta Biden.
“Essas palavras não saíram de nossas bocas enquanto estávamos no cargo”, responde Obama.
Numa reunião virtual, Biden foi mais longe: referiu-se a Trump como o primeiro presidente racista dos EUA, por usar a questão racial de forma doentia como pretexto para distrair os americanos da má condução da pandemia.
A comparação foi exagerada, outros presidentes tiveram escravos em suas propriedades. Deu munição a Trump para se gabar de que foi o presidente que mais fez pelos negros, depois de Abraham Lincoln, que aboliu a escravatura.
O tom da campanha deixa mais claro que a eleição de novembro é sobre Obama e Trump e o legado de seus governos para os americanos. Biden funciona como garantia para a restauração de um modelo suspenso há quatro anos, mas que permeou a atual presidência.
Por – G1