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Em vulnerabilidade, ciganos temem efeitos da pandemia em comunidades

A histórica situação de vulnerabilidade das comunidades ciganas no Brasil tem cobrado seu preço durante a pandemia do novo coronavírus. Além dos casos de expulsões de famílias acampadas, ciganos têm relatado falta de assistência social e sanitária por parte do poder público e aumento dos casos da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Não há um balanço oficial, mas levantamento do Instituto Cigano no Brasil (ICB), entidade com sede em Caucaia (CE), aponta que, até agora, um total 13 ciganos, em pelo menos oito estados, morreram após contrair a infecção. Esse número, no entanto, pode estar subestimado.

“A gente tinha o temor de que o primeiro cigano adquirisse o vírus. Os ciganos, mesmo aqueles que não moram em acampamentos, geralmente ficam todos juntos, moram sempre no mesmo bairro, em casas próximas. Dificilmente você vê um cigano morando isoladamente e isso faz com que o vírus, uma vez sendo contraído por uma pessoa, rapidamente se dissemine”, afirma Jucelho Dantas da Cruz, cigano da etnia Calon e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia.

Em Camaçari, região metropolitana de Salvador, um surto da covid-19 em um bairro com grande concentração de ciganos mobilizou uma reação coletiva após a suspeita de que cerca de 40 pessoas haviam sido contaminadas, no final de maio. Depois que a gente denunciou publicamente e cobramos ação da prefeitura, eles vieram ao bairro fazer os testes. Só da minha família, foram dez contaminados. Desses, três têm comorbidades. Foram duas semanas de muita tensão. Três de meus irmãos foram internados, além da esposa de um deles. Todos se recuperaram, voltaram para casa e ficaram reclusos. Os outros que tiveram teste positivo ficaram assintomáticos”, relata Jucelho.

Homenagem

Presidente do Instituto Cigano do Brasil, Rogério Ribeiro, também da etnia Calon, criou uma página nas redes sociais para registrar as mortes de ciganos vítimas da covid-19. “O objetivo é tirar da invisibilidade cidadãos que têm família, história e deixaram um legado após a morte”, explica.

Entre as vítimas da covid-19 está o músico Antonio Ferreira dos Santos, conhecido como Cigano Barroso, de 62 anos, que morreu na cidade Sobral (CE), no dia 2 de junho, após passar uma semana internado na Santa Casa da cidade.

Na Bahia, o comerciante Lomanto Marques, de 57 anos, morreu no dia 12 de junho, depois de ficar 21 dias no hospital Português, na capital Salvador. Ele era da comunidade cigana de Camaçari.

Ciganos jovens, fora do grupo de risco etário para a covid-19, também estão entre os mortos pela doença, segundo levantamento do ICB. É o caso de Velodia Joce Blado, de 36 anos, cigano da etnia Rom, que faleceu no início do mês passado, em Guarulhos (SP). No Espírito Santo, a estudante cigana Dayana Soares Galvão, de 24 anos, também morreu em decorrência de infecção pelo novo coronavírus.

Fonte: Agencia Brasil

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