O Irã se manifestou perante a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (24) sobre episódio que classificou de “violação flagrante” do direito internacional. Segundo as autoridades iranianas, dois aviões de combate dos Estados Unidos se aproximaram de um avião comercial do Irã que sobrevoava o espaço aéreo sírio.
O Comando dos EUA no Oriente Médio afirma que a manobra se trata de uma “inspeção visual” rotineira. Inicialmente, na noite de quinta-feira (23), o Irã havia acusado Israel de tentar interceptar o avião iraniano, que fazia a rota de Teerã para Beirute.
A abordagem do F-15 ao Airbus A 310 da Mahan Airlines aconteceu na noite de quinta-feira, 23, no espaço aéreo da Síria. O incidente fez com que a aeronave perdesse altitude. 12 pessoas ficaram feridas, incluindo tripulação e passageiros.
O avião aterrissou em Beirute, destino programado, e depois retornou ao Irã, com pouso durante a madrugada no Aeroporto Imam Khomeini, em Teerã.
O Ministério de Rodovias e Desenvolvimento Urbano iraniano já apresentou uma queixa contra a ação militar americana junto à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). “Atacar um avião de passageiros é um ato terrorista. Como um avião de passageiros que voa em sua rota comercial, de acordo com os protocolos da aviação, pode ser atacado e ameaçado por caças?”, questionou o titular da pasta, Mohamad Eslami.
As relações entre os dois países estão em um ponto de tensão que só piorou desde que o presidente americano, Donald Trump, se opôs, em 2018, a um acordo sobre o programa nuclear de Teerã, que havia sido negociado por anos com as principais potências mundiais.
Israel e os Estados Unidos são inimigos declarados do Irã. O governo iraniano é um aliado do regime da Síria – país vizinho de Israel que está em guerra desde 2011 – e também do movimento armado Hezbollah no Líbano.
Aviões abatidos
Em janeiro deste ano, um avião Boeing 737 com 176 tripulantes de sete países foi abatido após decolar do aeroporto Imam Khomeini, na capital do Irã, Teerã. Após dias de negativa, o Irã admitiu ter disparado um míssil erroneamente, e culpou o papel da “política aventureira” dos Estados Unidos pela tragédia final.
Mais de 30 anos após o ataque, o Irã ainda aguarda um pedido de desculpas oficial dos Estados Unidos.