O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o governo não vai ceder às pressões de que o Brasil está destruindo a Amazônia para produzir alimentos. Acompanhado de ministros, incluindo Tereza Cristina, da Agricultura, o vice de Bolsonaro se reuniu, por videoconferência, com corretoras estrangeiras de investimento.
No mês passado, as empresas enviaram uma carta ao Brasil demonstrando preocupação com o desmatamento e os incêndios ocorridos na Amazônia. Apesar dessas preocupações, de acordo com Mourão, não há um risco iminente dessa perda de investimentos. Na conversa que ocorreu com essas corretoras, não houve nenhum tipo de comprometimento para um novo aporte ou qualquer tipo de ameaça sobre a retirada desses recursos caso não haja uma meta cumprida que questão da preservação ambiental.
Em junho, essas corretoras que representam diversos investidores estrangeiros, que por sua vez possuem trilhões de dólares em ativos, manifestaram preocupação a respeito da preservação ambiental , inclusive sobre a possibilidade de aumento do custo de produção na agricultura, pois a diminuição da floresta poderia diminuir as chuvas e prejudicar o agro.
Enquanto Mourão concedia uma coletiva, ele defendeu o agro dizendo que o governo não compreende a produção de alimentos como vilã nessa questão de preservação ambiental. “Nós seremos em breve a maior potência agrícola do mundo. Óbvio que aqueles que serão incomodados com avanço da produção brasileira vão procurar alguma forma de impedir que essa produção evolua como ela vem ocorrendo. Sobre o Fundo Amazônia, eu e o ministro Ricardo Salles [Meio Ambiente] iniciamos novas conversas com os dois principais doadores, a Noruega e Alemanha, e estamos aguardando o ‘visto bom’ deles, que está ligado à nossa resposta em relação ao desmatamento”, disse.
Hamilton Mourão, que foi quem comandou essa conversa com investidores estrangeiros, deixou claro que nas conversas com Salles houve um convite para que os fundos passassem a aplicar os recursos em projetos ligados programas de pagamentos de pagamento de serviços ambientais.
Na última semana o governo lançou o programa Floresta+, que fala sobre esse pagamento de serviços ambientais para quem preserva a vegetação nativa ou tenta recuperar essa vegetação, como sistemas com Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF).
E nesta quinta, 9, o Ministério do Meio Ambiente lançou outro programa de combate ao desmatamento, que fará pagamentos por serviços ambientais, além de trabalhar em outros eixos, como bioeconomia e o zoneamento ecológico econômico.
A ministra também explicou que a proposta não retirou nenhuma determinação da legislação vigente. “Vamos modernizar o sistema para poder fazer essa regularização através de ferramentas modernas, como sensoriamento remoto. Podemos ganhar tempo fazendo isso com maior agilidade para que realmente se efetive essa regularização tão importante, não só para a Amazônia mas para o Brasil todo”
O governo também deixou claro na reunião que agricultura de exportação brasileira não é feita na Amazônia e nem precisa avançar sobre essas terras. São áreas que não contam com infraestrutura de transporte e cujos solos não são adequados ao plantio. Hoje, o bioma amazônico responde por apenas 2% da produção agrícola e 14% da pecuária.
O vice-presidente aproveitou a reunião para esclarecer as dúvidas dos investidores e reafirmar o compromisso do governo brasileiro em combater o desmatamento ilegal e promover atividades econômicas sustentáveis na região
Nesta sexta, 9, Mourão fará outra reunião, dessa vez com empresários brasileiros que também se mostraram preocupados com a questão ambiental.