Ter se tornado o principal produtor de etanol de milho do país, foi preponderante para o aumento exponencial da safra de milho mato-grossense. A análise é do secretário César Miranda, titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Segundo ele, antes do processo de industrialização, o grão era utilizado basicamente na fabricação de ração animal e consumo humano.
“Com esta verticalização, o produtor começou a apostar novamente no milho, elevando-o, ao lado da soja, à condição de protagonista na produção estadual de grãos”, disse.
Conforme dados do Observatório de Desenvolvimento da Sedec, Mato Grosso conta com 12 plantas de etanol, das quais a metade utiliza o milho como matéria-prima, além de outras plantas de biocombustíveis, em que a soja é um dos componentes.
“É importante frisar”, diz César Miranda, “que o etanol de milho é resultado de uma produção limpa, onde tudo é aproveitado. Após o etanol, os resíduos se transformam em DDG, proteína para ração animal”.
Evolução
De um total de 73,75 milhões de toneladas estimado para a atual safra mato-grossense de grãos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), soja e milho respondem por 94,45%, com, respectivamente, 35, 43 milhões e 34,23 milhões de toneladas.
Este protagonismo vem se mantendo há quatro anos, desde a safra 2016/17, com a diferença na produção de ambos os grãos não ultrapassando 3%, exceto em 2017/18, quando quase se aproximou dos 10%. Naquela safra, a soja respondeu por 52,34%, enquanto o milho, por 42,79%.
Há duas décadas, porém, o peso da soja na produção mato-grossense de grãos era muito superior. Na safra de 2000/01, a leguminosa respondeu por 69,75% (9,64 milhões de toneladas) das 13,82 milhões de toneladas produzidas em Mato Grosso.
O milho, embora já tivesse elevado Lucas do Rio Verde à condição de maior município produtor nacional da 2ª safra naquela época, ainda respondia por apenas 13,31% (1,84 milhão de toneladas), percentual pouco superior ao do arroz (9,12% ou 1,26 milhão de toneladas).
Desde então, com algumas exceções, a diferença de produção entre ambas as culturas vem caindo paulatinamente safra a safra. Enquanto a soja cresceu 135,36% entre as safras 2010/11 (20,41 milhões de toneladas) e 2019/20 (48,04 milhões de toneladas), o milho cresceu 349,8%, saltando de 7,61 milhões para 34,23 milhões de toneladas.
A redução da diferença de produção entre soja e milho fica ainda mais visível se a comparação retroagir mais uma década. Isto é, entre as safras 2000/01 e 2019/20. Enquanto o crescimento da (produção de) soja foi de 247,61%, o de milho foi de 1.760%.
Participação da soja e do milho no agronegócio mato-grossense (em milhões de toneladas)
Safra | Grãos total | Soja | % | Milho | % |
2000/01 | 13,82 | 9,64 | 69,75 | 1,84 | 13,31 |
10/11 | 30,94 | 20,41 | 65,97 | 7,61 | 24,60 |
11/12 | 40,35 | 21,84 | 54,13 | 15,61 | 38,69 |
12/13 | 45,90 | 23,53 | 51,26 | 19,89 | 43,33 |
13/14 | 47,70 | 26,44 | 55,43 | 18,04 | 37,82 |
14/15 | 51,71 | 28,01 | 54,17 | 20,76 | 40,15 |
15/16 | 43,42 | 26.03 | 59,95 | 15,27 | 35,16 |
16/17 | 61,98 | 30,51 | 49,23 | 28,86 | 46,56 |
17/18 | 61,71 | 32,30 | 52,34 | 26,4 | 42,79 |
18/19 | 67,49 | 32,45 | 48,08 | 31,30 | 46,38 |
19/20* | 73,75 | 35,43 | 48,04 | 34,23 | 46,41 |
(*)10º Levantamento da Conab Fonte: Conab