Imagens do circuito interno de segurança do Edifício Maruanã, em Cuiabá, monstram o momento em que o conselheiro afastado do Tribunal de Contas (TCE-MT), Waldir Teis, é seguido por um policial federal e flagrado descartando mais de R$ 450 mil em folhas de cheque em uma lixeira.
Preso desde quarta (1º), Teis foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), por embaraço à investigação de infração penal, no âmbito da Operação Gerion (16ª fase da Operação Ararath), deflagrada dia 17 de junho.
O escritório de Teis foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão. Às 8h40, conforme as câmeras internas do prédio, o conselheiro sai da sala e começa a descer as escadarias em velocidade moderada. Atrás dele, um agente da PF o segue.
Teis desce alguns lances de escada e ao chegar em determinado andar tira rapidamente do bolso os talões de cheque. Enquanto ainda tentava jogar os papeis no lixo, o conselheiro afastado é abordado pelo policial, que tira fotos e apreende a lixeira com os talões dentro. Toda a ação demora mais de 3 minutos.
Segundo o MPF, só não houve prisão em flagrante porque o conselheiro tem imunidade que restringe prisão quando se tratar de crime afiançável, semelhante ao que acontece com magistrados.
Conforme a defesa do conselheiro, representada pelo advogado Diógenes Curado, Teis foi à sede da PF no dia seguinte da operação e prestou esclarecimentos. De acordo o defensor, os cheques em questão pertenciam a um genro do conselheiro. A ação desesperada teria ocorrido porque “a família vem sofrendo muito desde o afastamento” de Teis do cargo de conselheiro e ele teria ficado “nervoso e desesperado por conta disso”. Os cheques não teriam relação com quaisquer ilícitos.
O pedido de prisão preventiva teria sido feito pela PF e pelo MPF antes do depoimento, em que explicou a situação dos cheques, segundo a defesa de Teis. O advogado informou que deve entrar com um habeas corpus para tentar reverter a decisão do ministro do STJ Raul Araújo.
16ª fase da Ararath
Na Operação Gerion, o MPF e a PF buscaram reunir provas para comprovar suspeita de que conselheiros afastados do TCE-MT e pessoas próximas teriam comprado imóveis e empresas para ocultar o recebimento de propina do ex-governador Silval Barbosa (sem partido).
Na petição enviada ao STJ (que autorizou os mandados), a subprocuradora-geral da República Lindôra Araujo descreve a atuação dos próprios conselheiros e de pessoas ligadas a eles em um esquema complexo que inclui dezenas de operações comerciais financeiras. É o caso de compra de imóveis e empresas como um motel, que teria como sócio um dos conselheiros investigados, e um buffet. No documento, a autora destaca que, embora, parte dos investigados já tenha sido alvo de medidas cautelares, as novas buscas são necessárias para o esclarecimento completo do esquema criminoso.
A investigação envolve os cinco conselheiros afastados: José Carlos Novelli, Sérgio Ricardo, Antonio Joaquim, Valter Albano e Teis.
Por RDNews