A Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) comanda, desde 2012, a construção da nova Basílica de Trindade, cidade da Região Metropolitana conhecida como a “capital da fé” do estado. A nova Basílica foi orçada, inicialmente, em R$ 100 milhões, custeados com doações de fiéis. A expectativa inicial era de que ela fosse concluída até 2022. No entanto, em 2018, essa previsão foi adiada para 2026.
O projeto prevê uma obra grandiosa, incluindo o maior sino suspenso do mundo. A construção prevê ainda uma altura de 94 metros, o equivalente a um prédio de 30 andares, em uma área total de 120 mil metros quadrados.
O maior sino do mundo começou a ser feito há dois anos para ser instalado justamente no nova Basílica. Feito na Cracóvia, cidade da Polônia, o objeto tem 4 metros de altura, 4,5 metros de diâmetro e 55 toneladas.
O sino, chamado de Vox Patris, em homenagem ao Divino Pai Eterno, é composto 78% por cobre e 22% por estanho e conta com imagens em fundição, na parte externa, que narram a história da Santíssima Trindade desde 1840 até a construção do santuário em Trindade.
Obra da nova Basílica de Trindade, comanda pela Afipe, em Goiás — Foto: Guilherme Rodrigues/TV Anhanguera
Investigação no Vaticano
Segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), Rodney Miranda, dois representantes do Vaticano vieram ao Brasil no ano passado para investigar o alto valor arrecadado pela Afipe e pelo Santuário Basílica de Trindade.
“Dois delegados da Polícia Civil de Goiás foram conversar com eles. No encontro, foi nos passado a preocupação do Vaticano com o volume de recursos circulando na igreja de Trindade, para a suposta construção de uma Basílica, que até hoje não saiu do chão. As suspeitas eram sobre a origem de tais recursos e o desvio de finalidade dos mesmos”, explicou Rodney.
Em entrevista à TV Anhanguera neste sábado (22), o secretário mencionou, ainda, que a investigação do MP aponta uma movimentação de R$ 2 bilhões na Afipe. “A Basílica foi orçada em R$ 100 milhões. Com esse valor movimentado, já daria para ter construído 20 basílicas”, afirmou.
Em nota, a Arquidiciose de Goiânia informou que “nunca houve qualquer questionamento por parte do Vaticano em face da Afipe ou da pessoa do padre Robson de Oliveira, e se houve algum contato com o secretário de Segurança Pública, não foi com representantes do Vaticano”.
Doações e afastamento
De acordo com o MP, as doações recebidas pela Afipe giram em torno de R$ 20 milhões por mês e chegam de todas as partes do país. A investigação apura se esse valor ou parte dele tem sido usado de forma irregular, em benefício de determinadas pessoas ligadas à associação.
Segundo a defesa do padre Robson, a Afipe sempre fez investimentos para aumentar a renda da instituição.
Em seu site, a Afipe descreve que as doações recebidas “são voltadas para a evangelização por meio da TV e para obras sociais”. A associação mantém um canal de TV e também transmite missas em uma rádio.
A Afipe é responsável pelo Santuário Básilica de Trindade, do qual padre Robson era reitor, mas pediu afastamento de suas funções da associação e da basílica nesta sexta-feira (21), após o Ministério Público deflagrar a “Operação Vendilhões”, que investiga o desvio de R$ 120 milhões de doações de fiéis.
Padre Robson reassume reitoria do Santuário Basílica de Trindade pelos próximos quatro anos em Goiás — Foto: Afipe/Divulgação
Por G1
A Afipe é responsável pelo Santuário Básilica de Trindade, do qual padre Robson era reitor, mas pediu afastamento de suas funções da associação e da basílica nesta sexta-feira (21), após o Ministério Público deflagrar a “Operação Vendilhões”, que investiga o desvio de R$ 120 milhões de doações de fiéis.
Padre Robson reassume reitoria do Santuário Basílica de Trindade pelos próximos quatro anos em Goiás — Foto: Afipe/Divulgação