Eva Wilma diz ‘Queria ter feito’, ao relembrar teste para filme de Alfred Hitchcock

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Em uma série de entrevistas para homenagear os 70 anos da televisão brasileira, completados em 18 de setembro, Pedro Bial conversou, nesta sexta-feira (28), com uma das damas da TV, a atriz e dançarina Eva Wilma, 86, que tem 68 anos de carreira.
O jornalista relembrou o início da carreira da atriz e os papeis mais marcantes na TV, como em “Alô, Doçura!” (TV Tupi, 1953-1963), no qual Wilma contracenou com John Herbert -que se tornou seu marido mais tarde-, as gêmeas Ruth e Raquel de “Mulheres de Areia” (Tupi, 1973-1974), além da venenosa Maria Altiva, de “A Indomada” (Globo, 1997), novela de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares que entrará no catálogo do Globoplay a partir da próxima segunda (31).
Uma das histórias, porém, que chamou mais a atenção foi a não escalação para um filme do cineasta Alfred Hitchcock. Wilma relembrou que estava com o marido almoçando nos estúdios da Universal Pictures, em 1969, quando um agente se aproxima dela. “Ele veio me perguntar se poderia me fotografar, pois Hitchcock estava procurando uma atriz latino-americana para fazer o papel de uma cubana em um filme muito importante.”
A atriz afirma que se deixou ser fotografada e retornou ao Brasil. Passados alguns meses, uma pessoa entrou em contato para convidá-la para participar do teste: “Fui para Hollywood no dia seguinte”. Wilma recorda que Hitchcock tinha uma casa só para ele nos estúdios e que “parecia mais uma casa de filme de terror mesmo”.
“Estava apavorada de conhecê-lo. Quando fui colocada dentro do cenário para a primeira parte do teste, eu ouço aplausos. Era Hitchcock entrando no estúdio. E a satisfação dele, ele era extramente vaidoso. Tinha o ‘prazer da maldade'”, recorda a atriz, ao relembrar do teste. Ela também destacou a manutenção de profissionais mais velhos na equipe: “tinham vários de cabelos branquinhos, mantidos no trabalho e competentes”.
Eram três partes, diz a atriz, sendo a última mais difícil e inesquecível. “Hitchcock sentado ao lado da câmera, bem pertinho, improvisando perguntas e querendo que eu improvisasse bem as respostas. Foi o mais difícil”, contou ela. “Me lembro que ele me disse: ‘Você está querendo me irritar falando em uma língua que não é a minha, fala na sua língua, fala em português.”
Depois de três meses, a atriz diz que foi escolhida uma alemã [Karin Dor] para o papel da cubana. “O meu consolo, também, digo para me conformar, é que ‘Topázio’ [1969] não foi um dos bons filmes de Hitchcock. Eu assisti e falei: ‘Esse papel não era para mim’. Mas era para me conformar, porque eu queria ter feito.”