Neste sábado (22), Atlético-GO e Goiás se enfrentam pela quinta rodada do Brasileirão Assaí 2020. O confronto, que será disputado no Estádio Hailé Pinheiro, dará fim à uma incômoda escrita que já dura dez anos, quando as equipes se enfrentaram pela última vez na elite do futebol nacional. Para destacar a importância deste feito e falar sobre as nuances do ‘Clássico do Equilíbrio’, convidamos o ex-goleiro Márcio – ídolo do Dragão, mas que também teve passagem vitoriosa defendendo as cores do Esmeraldino.
Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem do site da CBF, o veterano, que viveu os dois lados do duelo, falou sobre a mística do clássico goiano e destacou a importância de ele voltar a ser disputado na Série A do Campeonato Brasileiro. Na última vez em que Goiás e Atlético-GO mediram forças na 1ª divisão, em 2010, Márcio estava em campo, defendendo o lado do Dragão.
“É um clássico que há muitos anos se tornou o maior do estado. Tecnicamente falando, sempre foi um clássico muito bom de jogar. Um clássico que tem muita importância, e se tratando de uma série A, fica maior ainda. Para o futebol goiano é fundamental ter dois representantes na Série A. Esse jogo não é só um clássico. É um clássico de duas equipes do mesmo estado na Série A. Ele tem uma conotação muito maior. Vai ser muito bom de ver e acompanhar”, opinou o arqueiro..
Ídolo do Dragão
O último jogo oficial de Márcio pelo Atlético-GO foi em 2016, mas até hoje ninguém vestiu mais a camisa do Dragão do que ele – foram 537 partidas defendendo a meta do clube goiano e 38 gols marcados pelo goleiro-artilheiro. Ao longo dessa trajetória, o ex-jogador conquistou quatro Estaduais, uma Série B e uma Série C. Os títulos, grandes jogos e a dedicação ao clube fazem de Márcio um dos maiores – senão o maior – ídolos da história do Atlético-GO.
Márcio defendendo as cores do Rubro-Negro Goiano
Créditos: Reprodução/TV Anhanguera
Para chegar nesse status, foi necessário muito suor e trabalho, recompensados com grandes momentos individuais. O maior deles, talvez, foi vivido na Copa do Brasil de 2008. Após vencer o Grêmio por 2 a 1 em seus domínios, o Dragão precisava defender sua vantagem diante de um Olímpico lotado. Durante os 90 minutos, o Tricolor venceu por 2 a 1. O gol que garantiu o resultado e levou a disputa para os pênaltis foi justamente de Márcio, cobrando falta.
Na cobrança das penalidades máximas, brilhou novamente a estrela do arqueiro que, além de defender uma batida, converteu seu pênalti e ajudou o time a avançar de fase. Ainda assim, poucos momentos marcaram tanto o goleiro como os clássicos contra o Goiás.
“O pontapé inicial com o título sobre o Goiás em 2007 foi muito importante (para o início da construção de ídolo no Dragão). Ficou muito marcado nos torcedores e aquele elenco até hoje é lembrado. Se perguntar para um atleticano qual foi o time campeão em cima do Goiás em 2007 eles vão dizer do goleiro ao ponta esquerda. Porém, tiveram algumas outras situações que me fizeram ficar marcado aqui na história do Atlético-GO. Como, por exemplo, a eliminação do Grêmio, em pleno Olímpico, na Copa do Brasil. Mas sem dúvida nenhuma, por se tratar dessa rivalidade regional, os jogos contra o Goiás me deixaram cada vez mais próximos do torcedor”, declarou o ídolo do Dragão.
Clássicos marcantes
Dentre inúmeros clássicos disputados, Márcio destacou três jogos. Dois deles foram justamente há dez anos, quando as duas equipes se enfrentaram pela Série A do Brasileirão pela última vez. Mas apesar da importância nacional dos confrontos de 2010, a partida mais marcante na opinião do arqueiro foi o dérbi na final do Campeonato Goiano em 2014, em um duelo que segue vivo na memória de todos os torcedores rubro-negros até hoje.
“Tem dois jogos que foram muito especiais, e tem um que foi marcante. Eu fiz dois gols contra o Goiás, os dois pelo Estadual, acho que no mesmo ano. Lembro que na primeira vez que os clubes se encontraram na Série A, esses dois jogos foram muito especiais. No primeiro jogo perdemos de 3 a 1. Aí aquela rivalidade toda, a gente chegando na elite e o Goiás já consolidado como clube de Série A. Sentimos muito aquela derrota, mas sabíamos que tinha o jogo da volta. E nós conseguimos vencer no returno por 3 a 1 também. Então foi bem marcante por se tratar do primeiro jogo (dele) das duas equipes na série A. Mas é claro que aqui no estado, o jogo que fica historicamente na lembrança de todos – positiva do Atlético e negativa do Goiás – é a final de 2014, quando a gente venceu com um gol no último minuto”, relembrou Márcio.
Unanimidade em Goiás
Márcio faz parte daquele restrito grupo de atletas que conseguem atuar por dois clubes rivais e ainda assim obter o respeito e admiração de ambas torcidas. Após uma passagem histórica de uma década pelo Atlético-GO, o goleiro se transferiu para o Verdão em meados de 2016. Com a camisa do Goiás, Márcio não enfileirou taças como no Dragão, mas também não saiu de mãos abanando – foi campeão estadual em 2017.
“Essa palavra (privilégio) encaixa muito bem, eu me sinto privilegiado (em ter atuado nas duas equipes). É um hall de seletos jogadores que conseguiram no seu próprio estado vestir a camisa de duas grandes equipes rivais. A minha passagem pelo Goiás não foi tão vitoriosa como a do Atlético-GO – até porque durou menos tempo -, mas sem dúvida nenhuma vestir a camisa do Goiás foi um motivo de muito orgulho para mim”
O ex-goleiro foi campeão estadual com o Esmeraldino em 2017
Créditos: Rosiron Rodrigues / Goiás E.C
Palpite para o jogo
Historicamente, o confronto entre Atlético-GO e Goiás é bastante equilibrado – não à toa o duelo é conhecido como ‘Clássico do Equilíbrio’. E foi partindo dessa premissa que Márcio deu seu palpite para o jogo deste sábado, pelo Brasileirão Assaí 2020. O ex-goleiro analisou o momento das duas equipes e projetou um jogo de ações equiparadas.
“O jogo vai ser muito parelho, porque o momento das duas equipes é bem igual. O Atlético fez uma grande partida (contra o Flamengo), uma de suas melhores partidas na Série A, inclusive, na minha opinião. O Goiás está com seus problemas relacionados à covid, com jogadores contaminados, então ficou difícil do Goiás começar a competição bem. Mas, apesar disso, eles vêm em um mesmo momento, para mim. Prevejo um equilíbrio muito grande. Mas para não ficar em cima do muro, o meu palpite é em cima do muro (risos), porque eu acho que vai dar empate esse jogo”, concluiu.
Fonte: CBF