Na madrugada desta segunda-feira (10), Marília Mendonça virou o assunto mais comentado do Twitter no Brasil. Tudo por causa de um comentário feito durante a live “Lado B“, que ela fez no último sábado (8). Durante uma pausa na cantoria, Marília resolveu conversar com sua banda e acabou rindo de um amigo que teria ficado com uma mulher trans numa boate de Goiânia chamada Diesel – o estabelecimento não existe mais.
Disse que lá foi o lugar em que ele beijou a mulher mais bonita da vida dele. É só isso. O contexto vocês não vão saber”, afirmou ela. No set da live, a cantora e seus músicos deram a entender que ficaram desconfiados de que a mulher seria transexual e o músico logo “se defende“ dizendo: “Era mulher mesmo, porra”. Não demorou para Marília ser “cancelada“ pelos internautas.
No domingo (9), a transexual Bruna Andrade endossou o coro gravando um vídeo sobre o episódio. “Eles estavam debochando do amigo que ficou com uma menina trans. Quando eu terminei de ver isso eu fiquei me perguntando “qual é a graça de um cara cis se relacionar com uma mina trans?“, sendo que umas duas músicas antes, ela tinha enaltecido o relacionamento de um outro músico da banda dela com uma menina cis. Ficou muito claro que quando o cara se relaciona com uma mina cis, aí é palmas, aí é lindo, é família, é parabéns. Mas quando o cara se relaciona com uma mina trans, é chacota, é piada, é vergonha”, disse.
E ela continuou: “Foi muito duro para mim ver a minha musa falar que qualquer cara que demonstre afeto por mim é chacota. Ou seja, eu sou a chacota? Eu não sou digna de ser amada, de receber carinho? Eu não sou digna de ter uma relacionamento? Todo relacionamento que eu tiver vai ser piadinha?”
Bruna prosseguiu: “Isso tem um desdobramento muito pior, porque isso gera violência, gera assassinato. Só você dar uma busca na internet e você vai ver milhares de casos em que homens assassinam meninas trans com medo de que o relacionamento seja descoberto.”
“Esse caso mostra explicitamente como a transfobia age. Nem sempre essa transfobia é violenta ou aparente. Às vezes, ela é muito sutil. Porque teve muita gente que viu o vídeo e não achou nada demais. Mas para quem acha que eu estou exagerando, eu queria fazer uma comparação: e se a Marília tivesse fazendo piada de um cara que ficou com uma menina negra? “Ah, meu amigo foi para a balada e pegou uma pretinha”, ou então “Ah, meu amigo foi para a balada e pegou uma gorda“”, exemplificou Bruna.
A coluna procurou a assessoria de imprensa de Marília, que não respondeu até o fechamento desta nota.
Fonte: Nortão Noticia