O avanço dos incêndios no pantanal mato-grossense aumentou a preocupação dos pecuaristas da região. Muitas pastagens foram destruídas e os produtores já não sabem se haverá alimento suficiente para dar o gado. “Tem fazenda que queimou 100% da área, mas a preocupação maior é que está ficando sem o pasto. O gado vai emagrecer e a hora que ele for procurar água, com as águas baixas, ele pode correr o risco de morrer atolado. A perda para o fazendeiro vai ser muito grande daqui para frente”, alerta Arlindo Márcio Morais, pecuarista em Poconé.
Essa situação desesperadora chamou a atenção do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que foi até a região de Poconé e fez um sobrevoo para avaliar a situação. Após conferir com os próprios olhos o resultado da passagem das chamas, ele conversou com a imprensa e prometeu ajudar a região.
O ministro também elogiou a ação de produtores, inclusive com o uso de aviões para combater os incêndios. “Os proprietários de aeronaves utilizadas pelo setor agrícola podem e devem colaborar nessa tarefa de combate às queimadas”, disse.
Quem tem gado na região, conseguiu livrar com muito esforço os animais da chama, mas teme que falte alimento para o rebanho. “Não sabemos ainda o que vamos fazer, porque sem pasto, teremos que deslocar para outra área, mas está muito difícil achar área que não queimou”, disse o pecuarista Cristóvão Afonso da Silva.
O que se sabe até agora
A situação é crítica. O bioma enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. O número de focos de calor contabilizados este ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais é 211% maior que no mesmo período de 2019 (considerando os registros em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Estima-se que só em Mato Grosso, o fogo tenha atingido mais de 350 mil hectares.
Presente durante a entrevista do ministro, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Normando Corral, comentou a fala e também ressaltou a importância dos produtores rurais. “Isso é uma demonstração clara de que os produtores rurais, tão criminalizados, estão aliados na prevenção e combate aos incêndios. Isso ficou muito claro! Não adianta exibir números de multas imputadas injustamente para o dono da propriedade, sendo que não foi ele o causador do incêndio”, destacou.