Oxigenação extracorpórea é usada em pacientes com covid-19

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Oito pacientes com covid-19 internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em estado grave, na UTI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), receberam oxigenação por membrana extracorpórea (Ecmo) e a maioria teve resposta positiva ao tratamento. 

O projeto é voltado ao atendimento de pacientes com insuficiência cardíaca, mas devido à pandemia do novo coronavírus, teve seus esforços dirigidos também para pessoas com covid-19.

A iniciativa é promovida pelo projeto Qualificação de Dispositivos de Assistência Circulatória no Sistema Único de Saúde (DACs), realizada pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

Em entrevista hoje (28) à Agência Brasil, o cardiologista Rodrigo Wainstein, do Hospital Moinhos de Vento, revelou que dos oito pacientes atendidos com o dispositivo Ecmo, que já haviam passado por todos os tratamentos usuais sem sucesso, um teve alta e está se recuperando em casa; um teve alta do CTI e se recupera em leito de enfermaria normal; três permanecem com o dispositivo no CTI; dois ainda estão no CTI mas já retiraram o aparelho; e um veio a óbito.

A oxigenação por membrana extracorpórea é uma técnica de circulação que usa uma espécie de motor para fazer circular o sangue fora do corpo, para depois regressar à corrente sanguínea.

Novidade

Cinco hospitais de excelência no Brasil participam do Proadi-SUS: Moinhos de Vento, Israelita Albert Einstein, Hospital do Coração, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital Sírio-Libanês. “Os pacientes receberam o Ecmo com verba do Proadi-SUS do Moinhos de Vento, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que é um hospital do SUS e federal”, disse o médico. O HCPA usa o dispositivo e a tecnologia que o Moinhos de Vento dispôs para ele.

O cardiologista explicou que o Ecmo é uma tecnologia que foi desenvolvida há algum tempo para circulação extracorpórea e era utilizada para cirurgias cardíacas, como ponte de safena ou troca de válvula, por exemplo. “O que é novo é usar essa tecnologia à beira do leito em pacientes de UTI”, afirmou Wainstein. Os profissionais de saúde do Moinhos de Vento tiveram a ideia de usar o ECMO em pacientes graves da covid-19, uma vez que essa tecnologia é aplicada também para insuficiência respiratória.

Segundo Rodrigo Wainstein, o mérito do projeto é disponibilizar essa tecnologia, que é altamente especializada e demanda uma equipe multidiscipliar muito grande, atuando vinte e quatro horas por dia em revezamento, para pacientes do SUS que não dispõem desse dispositivo. “Essa tecnologia se usa como último recurso para pacientes que estão com insuficiência respiratória grave”. O Ecmo diminui a chance do paciente morrer, ao mesmo tempo que aumenta a chance dele se recuperar.

Capacitação

O Hospital Moinhos de Vento capacitou a equipe do Hospital de Clínicas de Porto Alegre que está fazendo o acompanhamento dos pacientes com o aparelho. Uma das ações do Proadi-SUS é exatamente treinar recursos humanos para saber usar o dispositivo. Wainstein disse que o Ecmo poderia ser usado para tratar outros pacientes com covid-19 em situação de gravidade, mas alertou que o SUS não cobre o custo da tecnologia, calculado em torno de R$ 30 mil para cada aparelho e todos os seus insumos.

O Hospital Moinhos de Vento capacitou também equipes das santas casas do Paraná e de Pelotas e do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. No entanto, em função de acordo estabelecido anteriormente, a parceria para utilização do dispositivo é entre o Moinhos de Vento e o Hospital de Clínicas.”Para usar o Ecmo para pacientes com covid somente o Hospital de Clínicas está autorizado a fazer”, esclareceu o médico.

A resposta clínica é muito significativa e favorável, manifestou. Os profissionais do Moinhos de Vento envolvidos no projeto estão realizando pesquisa demonstrando a concreticidade, ou aceitabilidade, desses dispositivos para pacientes do SUS, visando sua implementação de forma rotineira. “Esse é o objetivo final do projeto”. A pesquisa já está em andamento. Todos os pacientes que colocam o dispositivo têm dados clínicos e epidemiológicos coletados. Esses dados serão a base de um relatório para poder demonstrar que a tecnologia funciona e salva vidas.

Edição: Aline Leal

Fonte: Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro