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Pesquisa aponta relação entre restrição de proteína e diabetes gestacional

Estudo aponta que restrição de consumo de proteína durante a gravidez, além de prejudicar a mãe e o bebê, pode contribuir para o desenvolvimento do Diabetes mellitus gestacional (DMG). Essa foi uma das conclusões da pesquisa realizada pelo docente dos cursos de Engenharia de Alimentos e Engenharia de Produção Agroindustrial, da Unemat em Barra do Bugres, prof. Edson Henrique Pereira de Arruda, em pesquisa de doutorado em Biotecnologia pelo INPA, juntamente com grupo de pesquisa PPG-Nutrição, Alimentos e Metabolismo da UFMT.

O estudo foi publicado recentemente na renomada revista científica Molecular and Cellular Endocrinology, em artigo intitulado “A restrição de proteínas durante a gravidez prejudica o GLP-1 intra-ilhotas e a expansão da massa de células ß” (numa livre tradução para o Português). Para acessar clique em www.sciencedirect.com

O Diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma intolerância à glicose que se inicia ou é detectada pela primeira vez durante a gravidez. O DMG é caracterizado pela insuficiência das células beta-pancreáticas ao suprir a demanda corporal de insulina.

E entre as causas para o desenvolvimento da doença está a resistência à ação da insulina, que é fisiológica e está relacionada aos hormônios da gravidez. “A gestação é uma das fases da vida em que ocorrem adaptações na estrutura das células beta do pâncreas, cuja função é secretar insulina. A incapacidade dessas células se adaptarem nessa fase está associada ao diabetes mellitus gestacional”, explicou o professor Edson Henrique Pereira de Arruda.

Entenda a pesquisa

Os estudos são feitos em laboratório. Foram usados quatro grupos de ratas: 1) não prenhas; 2) prenhas alimentadas com uma dieta normal em proteína; 3) ratas não prenhas submetidas à restrição de proteína; 4) prenhas submetidos à restrição de proteína.

Os resultados mostraram que em ratas prenhes submetidas à restrição proteica não houve a expansão da massa de células beta pancreáticas, nem aumento da secreção de insulina na presença de concentração alta de glicose, como observado nas ratas controles prenhes. Quer dizer, a restrição de proteína durante a gestação esteve associada à redução da secreção de insulina em altas concentrações de glicose.

“Podemos, agora, partir para experimentação com outros grupos de animais e incrementar a dieta dessas ratas a suplementação com cogumelos amazônicos (Ex. Pleurotos Ostreatus). É sabido que esse cogumelo reduz os níveis de colesterol e glicemia e pode-se abrir um parêntese para mais estudos com ratas grávidas, dieta suplementada, teor de proteína na dieta e cascata de sinalização para produção de insulina e desenvolvimento da massa células do pâncreas”, disse.

Aplicações futuras

Diversas razões tornam interessantes o estudo que avalia mecanismos envolvidos nas adaptações das células beta à gestação. “Primeiro, porque o acesso ao pâncreas humano é limitado, pouco acessível e as adaptações das células beta à gestação se assemelham em humanos e roedores. Assim, os mecanismos envolvidos em modelos animais podem ter aplicabilidade direta na doença humana”.

Segundo, porque permitem entender esse tipo de diabetes gestacional e contribuir para avanços na sua prevenção e tratamento. “Podem ter um impacto significativo não só no bem-estar da mãe durante e após a gestação, mas sobre a descendência de mães com diabetes mellitus gestacional, que têm um risco aumentado de também desenvolver a doença”, completou o professor Edson Henrique.

No Brasil, a incidência de Diabetes mellitus gestacional em mulheres com mais de 20 anos, atendidas em serviços de pré-natal do Sistema Único de Saúde (SUS), é de 7,6%. A gestante tem maior risco de complicação na gravidez, como parto prematuro, feto com apresentação pélvica, pré-eclâmpsia, dentre outros.

Fonte:
Danielle Tavares
Unemat
Crédito de imagem:

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