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Policiais Militares relatam trabalho de atendimento a mulheres vítimas de violência

AGOSTO LILÁS

No mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, o agosto Lilás, policiais militares de Mato Grosso contam como é para eles, atender mulheres que não suportam mais serem agredidas, maltratadas, ameaçadas e até mesmo torturadas, por seus companheiros, maridos ou namorados e decidem pedir socorro e chamar a polícia para detê-los.

Quando uma equipe da Polícia Militar é acionada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), via 190, para atender uma ocorrência, os policiais sempre se preparam para encontrar situações delicadas, mas muito destes profissionais ainda se impressionam  quando se deparam com atos de crueldade praticados por homens contra as mulheres.

O sargento Gil Brito, do 19º Batalhão de Polícia Militar em Tangará da Serra, é um deles. No dia 03 de agosto, o militar e sua equipe foram chamados para atender uma mulher que havia sido espancada pelo ex-marido e estava internada no hospital da cidade. Ao encontrar com a vítima, o sargento conta que ficou impressionado com tudo que a mulher sofreu nas mãos do ex-marido. A vítima ficou trancada em um cômodo da casa, foi torturada por mais de 12 horas, espancada com fio elétrico e havia sido até afogada pelo suspeito em um tanque.

“Essa ocorrência foi passada para gente por volta das 04h, quando estávamos fazendo rondas pela centro da cidade. Nesses meus 17 anos de corporação, nunca tinha visto algo tão brutal contra uma mulher. Ela estava com rosto deformado de tanto apanhar. Fiquei assustado quando vi a capacidade de um homem machucar uma pessoa assim. Me subiu uma revolta ao me deparar com aquela situação. Me coloquei no lugar da família daquela moça que sofria tanto naquele momento. A vítima sofreu tanto que estava desnorteada, ela não conseguia dizer para gente onde ficava o local que ela ficou trancada. Nós queriamos deter esse homem imediatamente”, ressalta o policial.

O sargento conta ainda que a PM é preparada para atender todo tipo de ocorrência, desde do furto até algo mais grave, mas nada se compara àquela situação que ele viu. As marcas da violência estampadas no rosto e no corpo da vítima, a dor que ela sentia de tão machucada por dentro e por fora deixou toda a equipe sensibilizada.

“Por mais que eu já tenha me deparado com outras ocorrências delicadas, como homicídio, roubo, latrocínio, essa me marcou muito porque o suspeito foi muito cruel. Ela foi  torturada por mais de 12 horas. Quando vimos isso, de imediato, iniciamos as diligências e descobrimos o local onde a mulher ficou presa em cativeiro. Era a casa dos ex- sogros dela, eles presenciaram tudo e nada fizeram para impedir o suspeito. A vítima nos contou que pediu socorro para eles, mas foi ignorada. Até que ela conseguiu fugir e correu para rua, pedindo ajuda de populares que acionaram a PM e o Corpo de Bombeiros. E assim, conseguimos deter os ex-sogros da vítima por omissão de socorro e outros crimes. A Polícia Judiciária Civil conseguiu prender o suspeito por tortura, sequestro, cárcere privado, lesão corporal e ameaça”, ressalta o sargento.

De acordo com os boletins de ocorrência registrados pela  Polícia Militar em alguns casos de violência contra a mulher são os vizinhos, amigos e familiares que chamam  a polícia, pois a vítima tem medo de represálias e não consegue denunciar o companheiro porque elas recebem inúmeras ameaças.

Dias depois, outra mulher vítima de violência conseguiu  fugir e pedir ajuda em uma unidade da PM. O caso ocorreu no dia 10 de agosto, em Cuiabá. Após ser mantida em cativeiro pelo namorado por seis dias, a mulher procurou os policiais na sede do 9º Batalhão de Polícia Militar, na região do Coxipó.

Grávida, a vítima namorava o suspeito há três meses, quando passou a ser agredida pelo homem depois que foi ao aeroporto marcar uma passagem para visitar os pais em outro Estado. A mulher foi trancada e espancada com socos e chutes pelo suspeito que tomou seu celular e não a deixava sair de casa, até que ele se distraiu e a vítima mesmo debilitada, conseguiu fugiu e procurou ajuda no Batalhão da PM.

Os policiais que estavam no Batalhão na hora em que a vítima foi até eles afirmam que a resposta tinha que ser imediata e foi isso o que ocorreu: o suspeito de 23 anos foi preso em flagrante por crime de lesão corporal, tortura e sequestro.

O comandante do 24º BPM da região do bairro Pedra 90, tenente-coronel Frederico Correa, explica que a PM busca dar a solução imediata na maioria das ocorrências; afastando o suspeito da vítima, por meio da prisão.

“Esse é um problema delicado, pois naquele momento estamos ali com a estrutura estatal e depois serão só os dois. Então, buscamos dar celeridade aos atendimentos, adotando as medidas necessárias com atenção ao que a lei preconiza a fim de evitar que a violência perdure”, destaca o tenente-coronel.

O comandante do 1º Comando Regional na capital, coronel Esnaldo  de Sousa Moreira explica que algumas vítimas sentem dificuldades em expor e denunciar os companheiros, as vezes por falta de apoio da família e também pela pressão psicológica provocada pelos agressores. Ele destaca que a rede de apoio da PM para ajudar essas mulheres tem um papel essencial neste processo de encorajar as vítimas a denunciar.

“Em alguns casos, as vítimas chamam a PM, mas ficam com receio em denunciar, nós buscamos dar apoio à essas mulheres. Um dos papéis fundamentais da Patrulha Maria da Penha é oferecer esse apoio para as vítimas que precisam ser fortes para prosseguir com a denúncia”, destaca o coronel.

Serviço

A sociedade pode contribuir com as ações da Polícia Militar, de qualquer cidade do Estado pelo 190 ou, sem precisar se identificar , por meio do disque – denúncia 0800.65.39.39.

Fonte:
Greyce Lima
Secom – MT
Crédito de imagem: AGOSTO LILÁS

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