Recuperada, Gabi Nunes relembra lesão, agradece apoio e celebra volta aos gramados

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Foram 408 dias de espera para retornar aos gramados. Nesse período, muitas incertezas, medos, mas nenhum deles maior que a fé e a força, potencializada com o apoio recebido por familiares, companheiras de time, pelo clube e pela Fiel. Esse pode ser o resumo dos dias vividos pela atacante Gabi Nunes em sua recuperação da terceira lesão ligamentar em seu joelho.

Em entrevista exclusiva para a Corinthians TV, a camisa 11 do Corinthians relatou como foi conviver com mais essa lesão, que a afastou dos gramados por mais de um ano. Ela também garantiu seu desejo de devolver todo o carinho recebido nos dias mais difíceis de sua recuperação.

Era domingo, dia de jogo contra o São Francisco pelo Campeonato Brasileiro. A atacante, até os 36 minutos do segundo tempo, vinha sendo um dos destaques do jogo. Já tinha marcado um gol e somava participação ativa nos outros. Tudo caminhava para mais uma boa atuação da camisa 11, quando então veio a nova lesão. Em uma disputa de bola, Gabi Nunes pisou em falso e, pela terceira vez, a segunda no joelho esquerdo, lesionou  seus ligamentos.

“Eu já tinha lesionado outras duas vezes o joelho esquerdo, então sabia mais ou menos como seria a recuperação. Mas, dessa vez foi ainda mais complicado. Além da ruptura de LCA (ligamento cruzado anterior), ainda lesionei o canto do joelho. Eu tinha voltado muito bem, estava muito feliz em campo, mas quando apoiei o pé naquele lance e senti a lesão, foi ali onde meu mundo caiu outra vez”, relembrou a atacante em entrevista.

O mundo desabou e teve início, mais uma vez, a batalha da jovem de 23 anos – e 46 gols pelo Timão – para voltar aos gramados. O primeiro passo do retorno foi a cirurgia. Então, vieram as essenciais – e por vezes dolorosas – sessões de fisioterapia. A atacante não esconde que por vezes a vontade era de desistir, mas sua fé, o apoio familiar, das companheiras e da torcida foram fundamentais para a persistência.

“Eu operei, fui para a fisioterapia e ali tinham mais pessoas fazendo sessões comigo. Era angustiante ver que muitos evoluíam e eu, por ter uma lesão diferente, ficava um pouco para trás. Tinha que lutar todos os dias com meu psicológico para seguir em frente, melhorar. Minha família me ajudou muito, foram essenciais. Outra coisa que também me deu força, e muitas pessoas não sabem, são as mensagens que recebi de torcedores. Eles acham que nós acabamos não lendo, mas fiquei muito feliz de ter esse apoio, de as pessoas me perguntarem quando eu iria voltar, que estavam com saudades. Isso foi uma força gigantesca que recebi e agradeço demais”, disse Gabi Nunes.

Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Na temporada de 2019, o Corinthians teve mais duas baixas com lesões no ligamento do joelho. A atacante Adriana e a meio-campista Diany passaram pelo mesmo processo vivido por Gabi Nunes e, pelo destino, o trio passou a ser uma o apoio da outra em suas respectivas recuperações.

“Infelizmente mais duas meninas tiveram lesões graves no joelho no ano passado. Se tem um lado bom nisso, é que nós três encontramos, umas nas outras, o apoio para seguir em frente nas nossas recuperações. A Adriana estava dois meses à frente, estava evoluindo já, mas eu e a Diany nos machucamos em uma diferença de duas semanas. Então, quando eu chegava brava, não queria fazer a fisioterapia, era ela quem me acalmava, falava: ‘fica calma, já está acabando!’, e era o começo de tudo ainda, tá?”, diverte-se a atacante, que completou. “Quando ela chegava triste, era eu quem a alegrava. A gente brinca que foi uma maneira boa e feliz de nos recuperarmos, mesmo diante de um momento difícil”.

A força de Gabi Nunes para superar suas dificuldades é transparecida em suas palavras, mas dá espaço para a emoção quando a atacante revela seu grande sonho para 2020. As lesões em 2017, 2018 e 2019 não a fazem pensar em outro objetivo para o fim de temporada.

“Eu até brinco com as meninas, que meu maior sonho nesse ano é não ter lesão. Eu falo que eu quero terminar o ano feliz e sem me machucar. Passei um momento muito difícil dessa vez, senti muita falta do futebol, de estar perto do campo. Então, eu falo que nesse ano, pra mim, meu maior título será terminar sem ter nenhum problema, sem sentir nada no joelho. Se vier com conquistas, gols, vai ser para coroar e ficarei muito feliz, mas quero terminar a temporada bem”, afirmou Gabi Nunes, com lágrimas nos olhos.

Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

A recuperação ocorreu dentro do esperado e, com todo o apoio do departamento médico e de fisioterapia do Corinthians, Gabi Nunes estava apta a voltar aos gramados já em março. A expectativa era que a jogadora entrasse no decorrer da partida contra a Ferroviária, marcada para o dia 16 daquele mês. E então, veio a pandemia.

Com as atividades paralisadas, Gabi Nunes precisou aguardar mais cinco meses para novamente disputar um jogo oficial. E a espera chegou ao fim no segundo tempo do jogo diante da mesma Ferroviária, mas dessa vez disputado em 26 de agosto.

“Fiquei com um sentimento de felicidade muito grande. Eu só tenho gratidão. A Deus, aos fisioterapeutas, aos médicos, que me ajudaram tanto. Também não posso esquecer as meninas todas do time e, como disse, só posso agradecer por estar em campo, que é algo que eu amo fazer e quero continuar por muito tempo”, celebrou Gabi Nunes após a partida.

Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Nos minutos em que esteve em campo, ela se movimentou bastante, buscou jogo e, com seu faro de gol, criou duas chances de balançar as redes. Por coincidência, ambas aconteceram com a assistência de Diany, sua companheira e fortaleza nas sessões de fisioterapia, que também retornou aos campos naquela noite. As oportunidades pararam, respectivamente, na goleira adversária e na trave direita.

“O gol quase saiu para coroar tudo o que passei. Mas, não tem problema, ele vai sair com calma, na hora certa. O importante é eu estar em campo e jogando futebol, que é o que eu amo fazer”, finalizou.

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Categoria(s): Futebol Feminino