O empresário e ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz esteve na manhã deste sábado na Rádio Regional, concedendo entrevista e falando sobre macroeconomia de Mato Grosso, mercado internacional de grãos e combustível e os potenciais futuros do Estado de também da cidade luverdense.
O empresário começou falando sobre a visão de investimento que o Mato Grosso pode fazer e o quanto a industrialização renderá maiores investimentos e retorno para o Estado.
“Fizemos uma apresentação ao Governo de MT, e até o ano passado o Estado não fazia a cobrança do Fethab (Fundo de Habitação e Transporte) no milho e algodão, era apenas na soja, nesse ano só para se ter uma ideia serão industrializados cerca de 5 milhões de toneladas de milho, fizemos uma conta que se caso transformarmos 10 milhões de toneladas de milho e se pegarmos esses mesmos 10 milhões e exportarmos com o Fethab o Governo arrecada R$ 100 milhões já de ICMS na indústria a arrecadação seria R$ 1,2 bilhão, ou seja, com mais indústria teremos mais emprego, e as empresas que aqui já se instalaram estão transformando o Mato Grosso em uma velocidade muito rápida”, contou ele.
Outro ponto que Marino destacou de forma muito sensata, foi a potencia de Mato Grosso que mesmo em meio a uma pandemia garantiu crescimento econômico.
“Mesmo em pandemia o Mato Grosso cresceu 15,2%, e eu sempre falo que Mato Grosso é um gigante que ainda está adormecido, pois ainda tem potencial para muito crescimento e temos condições impares para que isso aconteça. Temos uma região estratégica que vai ajudar a alimentar o mundo, pois após a pandemia o que o Mundo vai comprar, será voltado a segurança alimentar, produtos relacionados a saúde e a sustentabilidade. E isso é extremamente importante estar na pauta de qualquer gestor para que faça a diferença e possamos garantir esse crescimento. Então é importante que a base econômica esteja muito forte, tanto que durante essa pandemia nossa base econômica quase não sentiu nada”.
Sobre o que é necessário para garantir a macroeconomia em ascensão, o empresário destaca o planejamento e o pensamento futuro das cidades trabalhando internamente.
“Temos que trabalhar e preparar o município onde se vive, sempre em cima do cenário futuro, é necessário ver onde está caminhando o Mundo, quais os atores do futuro para que esteja se pronto internamente. Lucas sempre teve essa leitura do mercado, de forma perfeita, e foi assim que fizemos a suinocultura, a avicultura, depois o processamento da soja, biodiesel, etanol de milho e quando se tem a movimentação econômica, há as questões da saúde, educação e as oportunidades de emprego e geração de renda”.
Sobre o mercado de grãos e combustível Marino falou sobre o quanto Mato Grosso e até mesmo Brasil, ainda pode alavancar a exportação.
“A China hoje consome 55 milhões de tonelada de carne suína e o Brasil produz 4 milhões, outro ponto é que pra cada 100 sacas de soja que o Brasil exporta, 80 vai para a China, ou seja temos potencial para melhorar e ampliar esse mercado. Temos agora as indústrias de etanol de milho que estão se preparando para exportar para os mercados mais exigentes do Mundo, como a Califórnia-EUA e Europa, que não aceitam combustível com poluentes. Para se ter ideia, no ano passado, índices do RenovaBio o etanol mais sustentável do mundo foi o etanol de milho produzido do Estado de Mato Grosso, com nota máxima, temos muito ainda para melhorar, basta fazer o dever de casa”.
O futuro do Mato Grosso ele é muito promissor, mas tem que ser explorado e desenvolvido com muita inteligência fazendo a leitura da questão ambiental, da sustentabilidade e na questão das oportunidades com pesquisa viável, para que haja a transformação das pessoas que aqui vivem.
Quanto a logística das rodovias e principalmente a ferrovia, o empresário é enfático em dizer que essa é uma luta desde 2010 e que o próprio Governo Federal não deu prazo.
“A conclusão da BR-163 na região do Pará, foi algo extremamente importante para nossa logística, o fluxo aumentou em mais de 80%. Quanto a idealização das ferrovias que são a FerroNorte, Fico, Ferrogão e a Rumo que está vindo até Nova Mutum com verba privada, teremos um enorme entroncamento ferroviário que interligará as regiões Sul, Norte e Nordeste, porém assim como os próprios Ministros da Agricultura e da Infraestrutura já deixaram claro, esse projeto é para 2028 a 2030. É um projeto que demanda muitas as licenças ambientais, principalmente porque estamos falando de regiões da bacia amazônica e isso é muito burocrático. Além disso com a vinda da ferrovia temos a expansão de órgãos governamentais, já estaremos tratando de exportação, é necessário muito planejamento para dê certo”.
Questionado por um ouvinte, qual a visão do empresário para Lucas do Rio Verde para os próximos anos, Marino volta a destacar o planejamento macro.
“Na minha visão após essa pandemia, é muitas famílias sairão dos grandes centros e virão para cidades do interior, cidades que são planejadas, que tenham qualidade de vida, áreas verdes, ou seja cidades pensadas, e isso fará a diferença, pois não necessariamente precisamos ser uma cidade grande, mas temos que ser uma cidade que ofereça qualidade de vida. O gestor público ele dá o norte, mas o planejamento em si é feito por técnicos de várias áreas que vão imaginar e desenhar a região pra daqui a 10, 15 ou 20 anos, dentro de um contexto macroeconômico e esse planejamento precisa ser feito anualmente, porque as coisas mudam todo tempo. Quando fizemos o Plano Diretor do nosso município foi um marco muito grande e tivemos outras cidades que vieram copiar nosso plano. Fizemos a ocupação de forma planejada, separando a região residencial da industrial, e esse planejamento evita que hoje os gestores tenham problemas com a organização”.
O empresário continuou dizendo que para Lucas se destacar e não ficar para atrás das cidades da região, “Lucas precisará de espaços de alta tecnologias, explorar o sistema de educação, tornar a cidade ponto de referência na saúde. Em 2012 nós tínhamos o 8º IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. E se nossa cidade efetivamente conseguir se tornar o terminal ferroviário nós vamos conseguir reverter e atrair novos investidores.
O gestor público precisa sempre se preparar internamente e preparar a macroeconomia, pois o trabalho que foi feito para tornar o que Lucas é hoje, foi um trabalho de gigante e isso permitiu que a cidade tivesse uma receita de quase R$ 400 milhões/ano”.