Ao fundo, Djenifer comemora gol do Internacional sobre o Iranduba.
Créditos: Mariana Capra/Internacional
Além da vitória dentro de campo, o domingo foi especial para Djenifer, do Internacional. A meio-campista do Colorado enfrentou o Iranduba pela primeira vez desde que deixou o clube amazonense, que defendia até o início do ano. Após o triunfo por 2 a 0, Djeni revelou como foi encontrar o ex-clube e lamentou não fazer valer uma lei bem conhecida.
“É uma sensação diferente dentro de campo. A gente sabia que seria uma partida difícil. O nível do Campeonato Brasileiro deste ano está muito alto, muito forte e, hoje, não seria diferente. Uma pena que não teve a lei do ex, mas estou feliz pelo resultado. Fomos com um objetivo claro que era a vitória e conseguimos os três pontos na tabela”, declarou.
Legado ao futebol de Manaus
“Eu nunca tinha ouvido falar antes do Iranduba”. Foi assim que Djenir Becker (25) descreveu o momento em que topou o desafio de Lauro Tentardini, diretor de futebol feminino do clube na época, em fazer história pelas cores da equipe amazonense. Mais do que cumprir com o planejamento, a ex-capitã deixou um legado ao futebol feminino em Manaus, uma cidade que até então urgia por futebol.
Sem um clube masculino na elite, o torcedor amazonense abraçou o futebol feminino. Djeni fez parte do elenco que ganhou o Campeonato Amazonense três vezes consecutivas (2016, 2017 e 2018), terminou na terceiro posição da Libertadores de 2018 e conquistou um quarto lugar inédito no Brasileirão Feminino em 2017, levando mais de 25 mil espectadores à Arena da Amazônia. Além disso, a volante se tornou a maior artilheira do clube, com 48 gols em 86 jogos. Com todos estes marcos, tornou-se uma estrela do clube e da cidade.
“Ficamos muito reconhecidas lá. Se saíssemos para o mercado, por exemplo, vira e mexe vinha alguém perguntar se ficaríamos ou não no clube. Nos treinos, sempre tinham três, quatro emissoras para acompanhar. No aeroporto, a imprensa esperava por nossas adversárias. Manaus realmente viveu o futebol feminino. Isso porque a gente enfrentou o Flamengo. Que time de Manaus enfrentou no mesmo nível o Flamengo? O Santos? O torcedor de qualquer lugar é acostumado com bons jogos e bons resultados e a gente mostrou isso para eles”, contou.
Volante é a maior artilheira do Hulk da Amazônia, com 48 gols em 86 jogos
Créditos: Ismael/Fotos Esportivas
Antes do Iranduba
A paixão de Djeni pelo futebol começou cedo. Defendendo a escola onde estudou em Ibicaré, Santa Catarina, a atleta sempre participou de competições amadoras. Foi numa destas partidas que ela chamou a atenção do Edvaldo Erlacher, técnico na época do Kindermann e da Seleção Brasileira Sub-17. Aos 14 anos, Djeni começava sua carreira profissional. Foram 5 anos no time de Caçador e o vice-campeonato brasileiro em 2014 e o título de campeã na Copa do Brasil no ano seguinte.
Aos 20 anos, teve uma rápida passagem pelo São Paulo e, logo depois, foi para o São José, tradicional clube do futebol feminino. No interior paulista, a volante ficou por 6 meses e teve a oportunidade de jogar ao lado de sua referência, a Formiga. Em 2015, a Águia do Vale acabou vice-campeã brasileira. Para Djeni, criar metas é a chave do sucesso em sua carreira até aqui.
“Quando jogava no Kindermann, ganhei muita coisa, a Copa do Brasil, todos os campeonatos estaduais, sabia que meu ciclo ali já tinha sido encerrado. Depois fui para o São José, mas fiquei pouco tempo. Sei de um desafio, corro atrás dele e sempre busco por títulos. Acho que pensar assim te dá mais responsabilidade. Sua vontade cresce cada vez mais e você cria também uma identidade com o torcedor”, explicou.
Títulos com a camisa verde e amarela
Antes mesmo de começar sua trajetória pelo adulto do Kindermann, Djeni já sabia como era defender a Seleção Brasileira. Em 2012, ela conquistou o título do Sul-Americano Sub-17 e, dois anos depois, o Sub-20. A primeira oportunidade com a equipe principal veio ainda aos 19 anos, em 2014, para disputar dois amistosos na Austrália contra as donas da casa. Mas ela não chegou a entrar em campo.
Sua estreia mesmo só aconteceu em 2017, com a técnica Emily Lima no comando. Djeni pôde sentir o gosto de ganhar um título pelo Brasil no Torneio Internacional da China, no mesmo ano, mas agora com Vadão à frente da Seleção. A jogadora reconhece a importância em enfrentar times internacionais e valoriza a oportunidade de defender a Amarelinha.
“Eu considero muito os títulos que ganho. Conquistar um pela Seleção é algo incrível. Acho que defender seu país é o lugar que todo atleta deseja chegar. É o topo mesmo. Pela Seleção, conquistei o Sul-Americano Sub-17, o Sub-20 e o Torneio da China. Com certeza, esses foram momentos únicos da minha carreira, jogando com as minhas ídolas. Mesmo que não seja nenhum de grande expressão, é algo que me traz muita bagagem e que fica muito marcado na minha carreira”, disse.
O Internacional ocupa a quarta posição na tabela do Brasileiro Feminino A-1. Com 18 pontos, as Gurias Coloradas venceram seis partidas, empataram três e perderam apenas um.
Djenifer ganhou o Sul-Americano Sub-17, Sub-20 e o Torneio da China com as Seleções Brasileiras
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Fonte: CBF
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