O pavimento sustentável desenvolvido especialmente para a BR-163/364, em Mato Grosso, começa a ser aplicado na região de Jangada, onde é realizada a segunda etapa do Plano Anual de Recuperação do trecho sob concessão da Rota do Oeste. No Brasil, esta é a primeira obra rodoviária com emprego de pavimento e borracha reciclados. O material é resultado de dois anos da pesquisa “Aproveitamento de Resíduos de Pavimentos Asfálticos (RAP) em regiões de alta temperatura e tráfego pesado”, coordenada pela Concessionária Rota do Oeste em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O estudo tem a anuência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Idealizador e responsável pela pesquisa, o coordenador de Engenharia da Rota, Rheno Tormin, aponta que a iniciativa inovadora representa importante ganho econômico e ambiental, oferecendo o mesmo desempenho de um pavimento produzido com 100% de materiais novos. Para esta etapa, estão sendo utilizadas misturas asfálticas com menor temperatura de usinagem e de compactação, denominadas “Misturas Asfálticas Mornas”, incluindo a adição de agregados provenientes da Fresagem de Revestimentos Asfálticos Deteriorados, denominados por sua sigla em inglês RAP – Reclaimed Asphalt Pavement.
“Do ponto de vista econômico, é extremamente vantajosa a reutilização deste tipo de material, pois reduz a quantidade do uso de brita na mistura”. Cabe destacar ainda que o RAP, pelo fato de se constituir em matéria prima para misturas asfálticas recicladas contribui com a preservação do meio ambiente. “Esse é o passo inicial para uma política de aproveitamento de resíduos de fresagem da Rota do Oeste. Nos Estados Unidos, a reciclagem de RAP supera a do plástico e do papel. No Brasil, ainda estamos iniciando. Foram feitas algumas aplicações experimentais em outras rodovias do país, mas a BR-163/364, em Mato Grosso, é a primeira a receber o material como parte da recuperação efetiva do pavimento”, explica Tormin.
No Brasil, em particular na região Centro-Oeste, os principais problemas que ocorrem nos pavimentos asfálticos estão relacionados com a resistência à fadiga e ao acúmulo de deformação permanente nas trilhas das rodas devido às altas temperaturas e intenso tráfego de veículos pesados. O diretor de Engenharia da CRO, Lucas Suassuna, acrescenta que “a técnica adotada neste momento demonstra que há ganhos em termos de vida útil do pavimento diante da menor exposição da massa asfáltica ao calor na sua usinagem, em decorrência do uso do aditivo evotherm”.
O professor voluntário do curso de Engenharia de Transportes da UFMT, Luiz Miguel de Miranda, complementa que o uso do RAP na massa asfáltica representa redução na quantidade de brita ‘nova’, asfalto e combustível para aquecer a mistura asfáltica.
Formado por brita, ligantes e polímeros, o pavimento leva centenas de anos para se decompor e chega a ser comparado, pelo professor Miguel, ao diamante, que “não acaba nunca”. O material removido durante a recuperação do asfalto segue ‘vivo’ e ao ser reciclado, está pronto para seguir útil e com a finalidade para qual foi desenvolvido. “O que vemos no Brasil é um desperdício de dinheiro e material. Com o reaproveitamento do fresado, só vemos benefícios”.
Estudo
A pesquisa “Aproveitamento de Resíduos de Pavimentos Asfálticos (RAP) em regiões de alta temperatura e tráfego pesado” teve início em novembro de 2017 e resultou na implantação do primeiro laboratório de pavimento de Mato Grosso. A estrutura está montada na sede da Rota do Oeste, responsável pelo estudo e custos do projeto.
Tormin explica que o estudo teve como foco o desenvolvimento de um pavimento que atendesse à demanda da BR-163/MT – que conta com intenso fluxo de veículos de carga e altas temperaturas – utilizando o fresado, um material precioso que era descartado. “Quando olhava para o RAP, via recursos importantes sendo descartados. Isso ocorre no Brasil porque temos muita matéria prima à disposição. Em outros países, diante da escassez de materiais, o asfalto é 100% reciclado”.
Durante dois anos, foram elaboradas e analisadas várias dosagens de ligantes, agregados (brita) e fresado em busca de um material que satisfizesse os parâmetros de volumetria e desempenho mecânico. “O melhor resultado está sendo usado agora, no recapeamento da BR-163/364, em Jangada”.
Vantagens do material elaborado para a BR-163/364
– Economia, possibilitando o uso de recursos financeiros em outras frentes de serviços;
– Redução do descarte do fresado;
– Queda na quantidade de brita e asfalto utilizados;
– Redução do uso de combustível na usina e nos maquinários usado para aplicar a massa asfáltica;
– Maior conforto térmico, queda em até 40º, para quem trabalha na obra;
– Redução emissão de particulados e voláteis nocivos ao meio ambiente durante o processo de usinagem.
Fonte: Raquel Ferreira | Assessoria de Comunicação