Coluna – Educação é a base

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© João Racy/MPIX/CPB/Agitos

Na semana passada, a coluna trouxe a história do Márcio André Ferreira – técnico paraibano de futebol de 5 (voltado a deficientes visuais) que tenta resgatar a modalidade em Portugal – como exemplo de como os brasileiros participam do fomento ao paradesporto lá fora. Desta vez, será mostrado outro lado: quando o exterior é que busca conhecimento aqui dentro.

Na última sexta-feira (27), o Comitê Paralímpico Brasileiro anunciou parceria com o Comitê Paralímpico das Américas (APC, sigla em inglês), para capacitar profissionais do continente no trabalho com o paradesporto. O primeiro curso começa nesta segunda-feira (30) e é voltado a técnicos de atletismo. Estão inscritos cerca de 230 treinadores de 16 países (incluindo o Brasil). As aulas serão online, no período noturno, e ministradas até sexta-feira (4).

“O esporte tem participação importante na luta das pessoas com deficiência. Isso transcende limites territoriais. O espírito de cooperação, no esporte paralímpico, tem a necessidade de ser intenso”, avalia David Farias Costa, coordenador de Educação Paralímpica do CPB.

Os professores atuam regularmente no país com a modalidade, como técnicos, classificadores funcionais – responsáveis por categorizar os atletas conforme tipo e grau da deficiência – ou árbitros. Eles são ligados ao programa de Educação Paralímpica, implementado pelo Comitê em 2017, como parte do planejamento estratégico, para formar profissionais que atuem com paradesporto desde a iniciação.

O Camping Escolar Paralímpico é parte do programa de para desporto desde a iniciação.
O Camping Escolar Paralímpico é parte do programa de para desporto desde a iniciação.

O Camping Escolar Paralímpico é parte do programa de para desporto desde a iniciação. – Daniel Zappe/CPB/MPIX/Direitos Reservados

“Temos diversas vertentes no esporte. Qualidade de vida, inserção social e, obviamente, alto rendimento, que é o papel principal dos comitês paralímpicos. Para ter condição de detectar talentos, é preciso garantir acesso, que tem potencial significativo no meio escolar e, em nosso caso específico, nos centros de reabilitação. Não há como o esporte ser bem sucedido se você não pensar na formação do árbitro ou na medicina esportiva [voltada ao paradesporto]. Isso envolve muita ciência. Devemos lançar em breve um curso de fisioterapia [voltada ao paradesporto]. Se a gente não se comunicar com os setores que podem e devem reconhecer o esporte como possibilidade de inserção social, fica difícil dar esse acesso”, argumenta o coordenador do CPB.

Segundo David, os cursos realizados pelo Comitê possuem certificação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O CPB afirma que qualifica cerca de sete mil professores por ano, em média, em habilitações técnicas e de arbitragem, gratuitas, de atletismo, natação e halterofilismo paralímpicos. Em fevereiro do ano passado, a entidade lançou um curso em formato EaD (educação à distância) chamado Movimento Paralímpico: fundamentos básicos do esporte.

Lançamento do Curso EAD Movimento Paralímpico em fevereiro de 2019.
Lançamento do Curso EAD Movimento Paralímpico em fevereiro de 2019.

Lançamento do Curso EAD Movimento Paralímpico em fevereiro de 2019. – Daniel Zappe/CPB/MPIX/Direitos Reservados

“O esporte rompe barreiras, mas, em nosso caso [paradesporto], diria que o significado, talvez, seja maior. É até uma questão de alternativa de renda. Temos atletas incrivelmente bem sucedidos, mas muitas pessoas [com deficiência] ainda estão à margem da sociedade. O esporte, por sua visibilidade e recursos, precisa fazer intensamente seu papel”, comenta David.

“Dentro dessas estratégias, sempre nos preocupamos em contribuir com os demais países. Sabemos das dificuldades. Tivemos um professor argentino que veio fazer nosso curso de habilitação técnica de atletismo. A Fundação Agitos é o braço do Comitê Paralímpico Internacional [IPC, sigla em inglês] na área da formação. Temos um contrato e estamos expandindo. A gente atua muito sob demanda. Demos cursos em Angola e em outros países africanos, especialmente de língua portuguesa”, conclui o dirigente.

Outra parceria firmada pelo Comitê foi com a Nippon Sport Science University (NSSU), de Tóquio (Japão), para integrar um programa da instituição acadêmica – financiado pelo governo japonês e com apoio do IPC e do comitê paralímpico local – que pretende capacitar profissionais de nações com pouca (ou nenhuma) experiência em Paralimpíada. O CPB participará de sessões virtuais de atletismo e envolverá professores ligados à Educação Paralímpica. Vale lembrar que próxima edição dos Jogos é justamente em Tóquio, em 2021.

As parcerias com o Comitê Paralímpico das Américas e a universidade japonesa reforçam o reconhecimento do Brasil enquanto potência paradesportiva – e não só pelos resultados nas quadras, pistas e piscinas. Na próxima semana, a coluna traz uma entrevista com Masamitsu Ito, professor da NSSU, sobre o programa de fomento paralímpico que a instituição de Tóquio está desenvolvendo, a participação brasileira e o impacto da Paralimpíada no país.

Ricardo Costa e o guia Anderson Venancio durante treino de Atletismo no CPB.
Ricardo Costa e o guia Anderson Venancio durante treino de Atletismo no CPB.

Ricardo Costa e o guia Anderson Venancio durante treino de Atletismo no CPB. – Ale Cabral/CPB/Direitos Reservados

Edição: Carol Jardim

Fonte: Lincoln Chaves – Repórter da Rádio Nacional e da TV Brasil – São Paulo – Agência Brasil – São Paulo
Crédito de imagem: © João Racy/MPIX/CPB/Agitos