É verdade. Faltam ainda oito jogos para que se complete o primeiro turno da Série A do Brasileirão. E dois da Série B – um será nesta terça-feira (3) à noite. Mas já dá para tirar algumas conclusões e levantar algumas dúvidas para o returno do campeonato, nas duas principais divisões. Uma delas é bem interessante: é melhor se defender bem e buscar o resultado necessário ou atacar muito, deixando a defesa desprotegida? Claro que o ideal é conciliar as duas táticas, mas se você tivesse de optar, qual seria sua escolha?
A Chapecoense termina o turno da Série B na liderança, com apenas 21 gols marcados em 19 jogos e incríveis cinco gols sofridos – recorde histórico desde a implantação dos pontos corridos. Por outro lado, na Série A, o Flamengo está em segundo lugar – podendo ser ainda superado por Atlético Mineiro e São Paulo -, com 33 gols marcados, o melhor ataque das duas divisões, mas tendo sofrido 25 gols, o que deixa a torcida rubro-negra de cabelo em pé. A Chapecoense tem 11 vitórias, contra 10 do Flamengo.
É ou não é curioso que o time que se defende melhor vence mais? Isso significa que a Chapecoense joga de forma defensiva? Ou feio? Não necessariamente. Mas, decerto, joga com um padrão de jogo mais consistente. O que aconteceria num confronto direto entre os dois times? Sei lá, futebol é uma “caixinha de surpresas”, não é isso que dizem? Fato é que chamam a atenção essas duas situações. Bom tema para debate ao longo das próximas rodadas.
Disputa acirrada
Mas vamos falar agora da Série A. No momento, dois times somam 35 pontos: Internacional e Flamengo. O Atlético Mineiro pode ultrapassá-los no número de vitórias, se vencer o xará Paranaense, mas só iguala em pontos. Já o São Paulo, com três jogos em atraso (Goiás e Ceará, fora; e Botafogo, em casa), pode ir a 39. Só que não se sabe quando esses jogos serão realizados, em que momento vai estar cada um dos clubes envolvidos, o que não nos permite prever se o Tricolor paulista vai conseguir atingir essa pontuação.
Daí, comparar de forma objetiva com anos anteriores se torna mais difícil. O que dá pra dizer é que só em 2011 e em 2016 houve algo semelhante, de tantos times terminarem próximos o primeiro turno. E a história foi bem distinta.
Há nove anos, o Corinthians fechou o turno com 37 pontos, seguido por Flamengo (36), São Paulo e Vasco (35) e Botafogo (34). Mas o Timão só se firmou na liderança até o título na 32ª rodada. Já o Palmeiras, há quatro anos, foi o primeiro do turno, com 36 pontos, o que também representa a pontuação mais baixa do primeiro turno, em toda a história dos pontos corridos. Atrás dele vieram o Atlético Mineiro (35), Corinthians e Flamengo (34), Santos (33) e Grêmio (32). Só que o Verdão não largou mais a ponta e foi o campeão.
Aliás, nos últimos sete anos, apenas em 2018 o campeão brasileiro garantiu a liderança no returno – o Palmeiras assumiu a ponta apenas na 27ª rodada, num dos quatro únicos anos em que o campeão do turno não festejou o título no fim. Nesse caso, foi o São Paulo. História que havia acontecido em 2008 com o Grêmio (São Paulo campeão), em 2009 com o Internacional (Flamengo campeão) e em 2012 com o Atlético-MG (Fluminense campeão).
E esse ano? Se a gente não sabe sequer quem é o campeão do turno, com o agravante de não saber inclusive quando isso será definido, como imaginar quem vai levantar a taça no fim do campeonato? Será que o Internacional vai se manter na ponta? Ou Atlético Mineiro/ou São Paulo vão superá-lo? E alguém pode arrancar no returno e roubar essa liderança?
Estou apostando que esse campeonato será dos mais disputados. O que demorou mais a ser definido foi o de 2009, quando o Flamengo assumiu a ponta na 37ª rodada. Ironicamente, o Rubro-Negro também está entre os que foram campeões com mais antecedência: no ano passado, foi campeão na 34ª rodada, como o São Paulo, de 2007, e o Cruzeiro, de 2013.
* Por Sergio du Bocage, apresentador do programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil
Edição: Cláudia Soares Rodrigues
Fonte: Sergio Du Bocage* – Rio de Janeiro
Crédito de imagem: © Marcelo Cortes/Flamengo/Direitos Reservados