O nome de Jorge Barcellos já é conhecido no mundo do futebol feminino. Com vasta experiência no cargo de treinador, ele passou pela Seleção Brasileira Feminina há alguns anos, vencendo inclusive o ouro no Pan-Americano de 2007 no Rio de Janeiro. Desde 2017 no Avaí-Kindermann, Jorge vive a expectativa de disputar sua primeira final de Campeonato Brasileiro, já que estará com o time que encara o Corinthians neste domingo (6), às 20h, na Neo Química Arena, em São Paulo (SP). Para ele, é um momento único.
“O currículo é uma coisa do passado. A gente sabe que são conquistas que nós tivemos anteriormente. Agora temos essa decisão de título, uma coisa inédita para o clube, para mim também e para muitas meninas que nunca chegaram à uma final de Brasileiro. Disputar um jogo tão importante me deixa muito feliz por chegar e ser reconhecido. As meninas acreditando na ideologia do trabalho, na dinâmica que nós tivemos em toda competição. Graças a Deus nós fomos premiados a chegar em uma final histórica. Eu tenho certeza que nós vamos sair de lá vencedor, é isso que a gente quer e tenho certeza que a gente vai lutar até o final para conseguir esse título”, afirmou o treinador.
Contratado em 2017, o comandante teve uma dura missão: a de reerguer a equipe, que estava voltando às atividades. Depois de parar os trabalhos após o assassinato de seu ex-treinador, o Avaí-Kindermann decidiu seguir sua trajetória e escolheu Jorge Barcellos para ser o rosto desse momento de virada. No início, ele sabia que não seria fácil, mas não se arrependeu de aceitar o desafio.
“Foi uma proposta de recomeço. Sabíamos não era fácil e realmente não foi. No primeiro ano, conseguimos uma classificação, no segundo ano também. No terceiro, fomos até às semifinais e agora coroados conseguindo ir à final. Foram várias etapas que passamos. Etapas difíceis de ajustes, de acerto de jogadoras. Isso nada mais é que uma experiência que tivemos que foi imensurável. Eu sempre tive um bom relacionamento com todas as atletas e separamos muito bem o lado pessoal do profissional. Estamos preocupados muito mais com o rendimento da atleta também. É claro que a gente acaba virando amigo das meninas. De colega de trabalho, acabamos convivendo por muito tempo e acabamos criando um ciclo de amizade muito grande delas conhecerem você de uma forma bem holística e você também elas. Por isso procuramos sempre utilizar a verdade, falar o que está acontecendo, por mais que vá doer. No futuro nós vamos colher os frutos dessa cobrança, que é sempre para o melhor”, explicou.
Jorge Barcellos treinou a Seleção Feminina antes de chegar ao Kindermann.
Créditos: CBF
Antes de chegar em Santa Catarina, o técnico teve duas passagens pela Seleção Feminina, ajudando a revelar muitas jogadoras que hoje estão na grande decisão. Entre elas, Grazi, Erika e Tamires, todas do Corinthians. Jorge afirmou se sentir feliz por ver o patamar que as atletas chegaram, principalmente por saber que ajudou, direta ou indiretamente, em suas formações.
“É muito gratificante porque são jogadoras que não trabalharam de perto comigo no nosso ciclo, estiveram com o Edvaldo (Erlacher), um treinador que era muito próximo. Tem a Andressinha, a Pollyana e muitas meninas que trabalharam na Seleção e que tiveram, indiretamente, contato com a gente. Mas é muito satisfatório a gente reencontrar amigas que tivemos e formamos lá atrás numa competição tão importante como essa. Fico muito feliz de estar jogando uma final contra, mas participando, de um modo geral, de todas essas meninas também”, comemorou.
Pensando na dura partida que define o campeão de 2020, Jorge Barcellos não tem dúvidas da dificuldade que os espera, mas afirma que as Avaianas Caçadoras vão lutar pela taça até o fim. Neste domingo, os times entram em campo na última partida da temporada e quem vencer fica com o título, já que o jogo de ida ficou em 0 a 0 na Ressacada, em Florianópolis (SC).
“Vai ser um jogo difícil para os dois lados. A gente viu no primeiro jogo que o Corinthians teve algumas chances, um pouco mais que a gente. Mas as chances que nós tivemos foram chances pontuais e bem claras de gol. A gente pretende jogar mesmo, manter a posse da bola, fazer o máximo possível para que a gente possa ir com o resultado positivo”, concluiu.
Avaí-Kindermann busca seu primeiro título do Brasileiro Feminino A-1.
Créditos: André Palma Ribeiro/Avaí F. C.
Fonte: CBF
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